sábado, 27 de abril de 2013

Fanáticos por Petróleo


Um dia, bem distante, quando aportou nestas terras o soberano de Portugal, já se ouviam palavras desdenhosas e atitudes mesquinhas por parte daqueles que aqui chegaram, diga-se de passagem, “expulsos” de sua pátria.

Mais de dois séculos depois, quando muitos ainda lutam por igualdade, sobressaem, não se sabe porque, aqueles que fazem ressurgir as mazelas do passado, em tempos onde a discriminação e o preconceito, disseminam conflitos e podem abrir feridas profundas.

Num país que muito demorou para “libertar” seus cativos; que há poucos anos reescreveu sua Constituição Democrática (1988); que sofre com educação e saúde precárias; que ainda marginaliza grande parte de seus filhos; que luta contra o preconceito; contra a corrupção e bandidagem de toda espécie – é desolador presenciar atitudes que agridam o âmago, o espírito de uma nação pacífica e fraterna como devemos ser. Ainda que de forma sorrateira e dissimulada, algumas manifestações disseminam a ira. Devemos vigiar constantemente para mantermos nossa liberdade sobre pilares sólidos.

A polêmica que recentemente nos trouxe a divisão dos royalties do petróleo no Brasil tomou caráter um tanto perverso. Os políticos e suas politicagens, vêm a público, com toda sorte de discursos, em nome do compartilhamento setorial dos dividendos, oriundos do líquido enegrecido do Pré-sal.

Os recursos bilionários que deveriam servir para agraciar a sofrida população como um todo, já começa a sofrer represálias por parte daqueles cuja ganância é um poço-sem-fundo, quanto à sua destinação. Eles afirmam que lutam em nome da população dos seus estados, mas sabemos que o “desabastecimento” dos bilhões nos respectivos cofres minguarão as artimanhas dessas autoridades eleitas. E isso para eles seria uma catástrofe sem precedentes.

Foi desalentador ver governadores e prefeitos incitando a população a sair às ruas em defesa dos tais royalties. Ingênuo, como sempre, o cidadão nem atinou que estava a defender os interesses de oligarquias políticas-disfarçadas até hoje instaladas no Brasil. Sair às ruas e reivindicar direitos é uma prerrogativa dada aos cidadãos de uma nação livre e democrática. Infelizmente, nem sempre essa democracia reflete os reais interesses da população.

Também desalentador foi esses representantes puxar-o-cabo-de-guerra para um único lado em nome dos bilhões do petróleo, quando sabemos, todos sabemos, que os recursos são da União, claro, com as ressalvas Constitucionais que seguramente não trará prejuízos a nenhum Estado “hospedeiro”. Trará sim, desenvolvimento ao país de norte a sul e mais igualdade, se tais recursos forem partilhados de forma justa, deixando-se de lado a ganância exacerbada.

As excelências das casas do Congresso realizaram suas tarefas com o mínimo de sensibilidade e justiça social quando da votação do projeto que definiu a divisão condizente com a realidade do país. Em uma democracia, não trabalhamos com teses absolutas. Muitos entraves ainda virão com os vetos e não-vetos da Presidente, com os recursos ao Supremo Tribunal Federal, mas no final esperamos uma decisão decente onde não se conceda tudo a poucos, em detrimento de muitos.

Olimpíadas Rio 2016 - um projeto do Brasil, não do estado do Rio de Janeiro.
Ama das falácias soltas por um governador, caso venha a se confirmar um sistema de partilha justo, seria a condenação dos projetos para as Olimpíadas do Rio. Ora, os jogos olímpicos são um projeto da Nação Brasileira, jamais do Estado do Rio de Janeiro.

Assim, passados os mais de duzentos anos da fatídica instalação do único Império europeu em solo americano, nem precisamos buscar os anais da história para presenciarmos abusos grosseiros. Basta ligar o aparelho de TV ou buscar na internet, e depararmos com o cenário grotesco do individualismo exagerado e predatório de algumas classes. Em especial, dos “gladiadores” políticos.

Pretendemos sempre debates sadios e não apelativos; que os recursos do petróleo venham somar o conhecimento tecnológico, o científico e benefícios de forma ampla. Agora que despontamos para um horizonte desenvolvido, sejamos, esse povo, inteligentes o bastante para não permitirmos que algozes insaciáveis desfaçam, mesmo que parcialmente, os sonhos de uma nação grandiosa.

Devemos perceber o Justo pelo seu aspecto difuso, jamais pelo seu cunho subjetivo, ou seja, “aquilo que é justo para mim”. Podemos e devemos defender nossos interesses sem apelar para atos radicais e, exageradamente, individual.

Equilíbrio – talvez aí reine a razão.

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