Por onde andará o bom senso e a razão que
deveriam estar com os capitães da comissão de frente? Por que é tão difícil acertar
os passos dos integrantes que navegam na área vip desse barco
desgovernado? Pensou que fizéssemos referência ao Brasil? Ledo engano!, essa
nau em frangalhos é o Miss (Universo) Brasil.
Em 2014 ensaiou-se um
movimento moralizante. Naquela feita,
alguns ditos responsáveis pela organização sobrevoaram o país, marcando
presença e presidindo as mesas de juízes dos certames estaduais. Claro
que a presença “dessas entidades”, por si mesmas, não teria a capacidade de
trazer benefícios reais permanentes, mas, na pior das hipóteses, alguém com a assinatura
da Band/Enter estaria em evidência. Em 2015, essa pequena chama de
comprometimento extinguiu-se; a lâmpada se apagou por falta de óleo a untar
o pavio.
O que temos presenciado
nesse corrente nos remete aos piores
presságios. Nunca antes na história desse concurso se viu tantos atos bizarros,
antiéticos, sorrateiros e desqualificadores da boa índole. O aparente
abandono da Band/Enter fez com que as coordenações de alguns estados, que
já há muito sonhavam com uma “carta branca” para promover descalabros, se
sentissem no direito de fazê-los; e fizeram descaradamente, sem pudor nem
piedade a quem ainda prima pela ética.
O 2015 não deve ser
considerado o vilão nessa onda de
insensatez, mas havemos em concordar que a movimentação embusteira de
bastidores nos certames estaduais tem ratificado aquele velho pensamento
pessimista de que nada mudou, nem mudará, e o que é pior, com viés de
acentuada e crescente decadência.
Todas as vezes que paramos para avaliar os
sinais de catástrofe iminente que rondam o mundo-paralelo tupiniquim, a
declaração da eterna Adalgisa Colombo ecoa no pensamento: “(...) o Miss Brasil não tem
salvação”. Ela sabia exatamente porque afirmava isso; já nós, o público,
nos mantemos tendenciosos a ver exagero em colocações que nada mais são do que racionais,
embora não tão óbvias, coerentes em sua totalidade.
Hoje não sabemos o que ou quem é o Miss (Universo) Brasil; não é
possível tecer uma única palavra que remeta a anseios de esperança de resgate
futuro. Figuras antigas, antes nas sombras, voltam a aparecer nos bastidores
sob algumas frestas de luz. Talvez neste ponto seja possível justificar as
razões porque ainda imperam a mesmice e a ausência de comprometimento na
condução desse alijado organismo.
O reaparecimento, aqui e ali, dos antigos
donatários não é o único ponto negativo nesse oceano de incertezas que
assola o MUB. Ainda assim, desse descompasso é possível extrair um pouco de
sanidade, principalmente com relação à candidata a Miss Universo (MU). Diante da costumeira
ingerência, quanto mais próximo ao evento MU seja a eleição da brasileira, menos
tempo “eles” terão para destruir a imagem da jovem. Logo, a miss tupiniquim
terá chances de chegar ao certame internacional desprovida da intervenção
destrutiva dos mestres-amadores do organismo principal.
A estratégia de marketing da Band/Enter
para o MUB é nula. Os profissionais contratados para conduzi-lo são fracos;
outros desconhecem o ambiente que deveriam nortear. Ainda assim, repita-se, nesses
três últimos anos houve acertos que ficaram restritos à realização dos eventos,
especialmente em 2013 e 2014, mas eles estiveram lá. No entanto, terminado o certame e passado o MU, o
MUB hiberna e só retorna à vida quando do evento do ano seguinte.
Assim, em nada contribui a Band/Enter decidir
pela manutenção do organismo na emissora paulistana, se é ato contínuo o
represamento do evento, restrito a uma noite só; se os estaduais continuam a
agir livremente, promovendo suas facetas, que a cada ano contribuem para a
desmoralização do MUB. Mas aí, a mudança de donos (apenas) não significa, nem
de longe, uma evolução positiva no cenário. Idem, o reencontro do senso
racional perdido há décadas.
Caso permaneça na Band torcemos por melhoras fáticas; caso vá para outro feudo renovamos os mesmos votos, mormente quanto à moralidade e lisura na condução.