sexta-feira, 29 de março de 2013

Certames de beleza e televisão - um "casamento" necessário.

Às vezes até queremos ficar calados. Mas nem sempre conseguimos. Às vezes (de novo), falar é preciso e se serás ouvido, aí já é outra discussão.

Hoje temos um miss Brasil encabeçado (como sabemos) pela Rede Bandeirantes. Glórias por isso, muitos dirão! Se ruim for com Ela, sem Ela será pior. Será? Não duvido que seja mesmo. Não termos um certame tão tradicional no Brasil, como é o MUB*, deve ser terrível aos amantes da beleza! Muitos já presenciaram esse mal e devem bem saber como é.

MB 2002 (o erro) - destituída por ser casada
Aí, para resgatar o valor do certame veio a Band em parceria com a Gaeta Produções. Ao que consta, desde o início dessa parceria, muitas polêmicas vieram à tona. Mas quem no meio midiático não vive imerso em polêmicas constantemente? Muitas, sabe-se que são apenas especulações falaciosas. Outras nem tanto assim. Contudo, presenciou-se alguns momentos sóbrios também.

O mais embasbacante é perceber uma empresa do porte da Band, associar a sua marca a um certame de beleza sem para isso lhe dar a atenção necessária para angariar o mínimo de adeptos. Noutra feita, levantamos a hipótese de que, caso a Rede Globo se aventurasse numa jornada dessas, em, no máximo, um mês todos os brasileiros estariam falando de miss Brasil nos “butecos” e campos de peladas. Muitos acharam absurda a forma como “endeusamos” a Globo. Aqui dou a resposta àquelas indagações: não se trata de engrandecer ninguém, mas sim, de reconhecer que alguns são tinhosos mesmo e divulgam aquilo que querem que traga o lucro almejado. Seja em dinheiro, seja em realização.

A Band tem mostrado o miss Brasil, mas também tem se limitado apenas a transmiti-lo. Durante uma década deixou o certame, de certa maneira, se transformar naquilo que se ver hoje – desacreditado por muitos que o acompanham. Os resultados não são claros. A apresentação é pífia, salvo algumas ressalvas em pouquíssimos anos. O formato e a escolha dos jurados parece não obedecer a critérios preestabelecidos e sim estabelecidos por um grupo, jamais por uma organização.

Gabriela Markus - o maior acerto de Band/Enter
Pequenas modificações já são percebidas desde o anúncio da suposta condução da Enter (Enter essa que ninguém sabe o que é) – evento apresentado por um apresentador do ramo da comunicação; miss Brasil itinerante; e... e só. Acho que são apenas esses... no mais, continua como antes. Aguardaremos para ver se, ao menos, a itinerância será mantida. O concurso de 2012 realizado em Fortaleza mostrou-se mais sólido, apesar de algumas atravancas facilmente percebidas.

Daí vem outros e dizem: vamos tratar bem, vamos apoiar a Band/Enter(Gaeta?) e sua turma, pois eles não estão ganhando nada para nos presentear com o miss Brasil; OH!!... se “eles” largar tudo, vamos ficar às escuras como antes, aí será muita “mais” pior; mesmo sem tanta transparência, cabe a nós, amantes do mundo-paralelo, levantar a bandeira branca do apoio e paz incondicional...

Francamente, amigos... se não têm lucro é por que não querem tê-lo; se não tem audiência é por falta de divulgação; se não tem divulgação e nem público não terão patrocínio; e se não tem patrocínio, não entra dinheiro e se não entra dinheiro, voltamos ao início do ciclo – ostracismo. Que empresa ou empresário seria esclerosado o bastante para investir num projeto-casulo? É o que temos.

É imprescindível o apoio de uma emissora de TV, mas, enquanto não estiverem dispostos a assumir o certame com seriedade, estaremos fadados ao constante desconforto.

Caso seja feito com clareza e empenho – é louvável. Do contrário, não fará diferença alguma se pegar ou largar. De obscuridades está cheia a Esplanada dos Ministérios, o Congresso nacional – os Três Poderes... O País está repleto de cidadãos que toleram tudo... querem constatar? pesquisem, ainda que de leve, o naipe dos eleitos nas últimas eleições municipais...

NÃO tolerar qualquer coisa é o lema...
* Miss Universo Brasil

quinta-feira, 28 de março de 2013

Não basta ostentar um título - é necessário honrá-lo.

Muitas vezes somos taxados de impertinentes por dizermos a verdade em alguma situação. Mas, é extremamente constrangedor presenciar uma candidata representar uma nação em concurso, ainda que de segunda ou terceira categoria, na forma como algumas moças que se dizem miss, se apresentam ou se apresentaram, e ficar calado.

Muitos ainda dizem: vamos apoiar, é o Brasil! Eu também digo... mas falta de escrúpulos tem limite.

Candidata brasileira é criticada por esnobar o título; não bastasse, apresentou-se muito acima do peso para o evento internacional - Vergonha Nacional.
Detonam-se a (des)organização do miss Universo Brasil por muitas falhas - é plausível. Mas onde estão os (des)organizadores desses outros concursetes que não honram seus compromissos com o público? Cadê o “desconfiômetro” de algumas moças que vão competir num estado deplorável, mormente de aparência física?

Via de regra, elas têm consciência que irão competir seis a oito meses antes (exceto MUB*). Se não pretendem lograr êxito algum, deveria renunciar e deixar a vaga para alguma outra jovem que realmente queira e mereça.

Aliás, se o negócio fosse sério elas seriam destituídas do cargo por serem relapsas com a (des)organização, e o pior, com a própria aparência. É só lembrar da miss México (mundo) 2011. A escolhida descumpriu a tabelinha norteadora, SAIU FORA, sumariamente.


Algumas chegaram à desfaçatez de declarar publicamente que não ganhara certo título porque fora apenas curtir a viagem, numa total falta de educação e respeito com as demais competidoras, e ainda, demasiada presunção, egoísmo e despreparo moral e psicológico. Nesse ponto incisivo, todos aqueles que acompanharam o trajeto vergonhoso, viram que o excesso de peso, ausência de simpatia e e falta de eloquência vocal eram apenas algumas das deficiências que a dita brasileira apresentava.

Miss México Mundo 2011 - Destituída
Outras empenhavam-se em fazer turismo (miss Mundo Brasil 2011) quando já deveria estar na concentração do certame a participar das provas eliminatórias, cujos pontos (em tese) são fundamentais para a classificação num certame demasiadamente longo.

Depois, ainda há aqueles que insistem: maneirem as críticas.

Claro, tudo dentro dos limites. Agora, devemos respeitar as candidatas e seus familiares (é justo), e “nós” enquanto público, não merecemos respeito? E o nome do País estampado numa silhueta indecorosa a virar motivo de chacota?

Se a recíproca não é verdadeira, não há razão para apoio, menos ainda, para respeitá-las.

* Miss Universo Brasil
>>> Fotos disponíveis ao público na internet.
Leia também: http://bsbdocerrado.blogspot.com.br/2013/03/critica-versus-critica-depende-da.html 

Os certames de beleza e o apoio popular inexistente

É bem comum nos depararmos com declarações agradecidas e reverências incondicionais aos "organizadores" dos concursos de miss no Brasil, especialmente à emissora de TV que transmite o evento que elege a candidata ao miss Universo. Afirmam que pior seria se não o tivéssemos. Pode ser, mas há controvérsias.

Sem dúvida é um espetáculo “divino”, um certame de beleza quando visto por olhos que sabem apreciá-lo. Nesse sentido fico feliz por podermos assisti-lo. Folguemos, pois, por termos a Band a nos proporcionar tal evento!

Ao observarmos por outro polo, percebemos também que ao público-engajado, somente o brinde da transmissão não é suficiente. É necessário que se adote postura mais transparente e que se defina qual a tática a ser trabalhada. Nesse “mundo” não vale o segredo-tático para se definir o vencedor. Este (o segredo-tático) deve prevalecer na preparação e/ou aperfeiçoamento da candidata.

Aqui há vida e movimento
Importa dizer que o apoio deve ser dado sim, quando e somente quando concordamos com os termos estabelecidos, o que fica por demais impossível quando não há termos estabelecidos. O que se percebe é a existência de uma caixa-preta-onipresente em todas as coordenações estaduais; coordenações estas que se mantêm enclausuradas ou encasuladas, de onde não se percebe movimentos ou se ouve uma simples conotação-vocal-monossilábica. Não dão entrevistas, não aparecem em programas televisivos com intuito de divulgar ou preparar suas representantes. Não se vê e não se ouve nada.

Certamente há raríssimas exceções (locais), mas essas exceções limitam-se apenas a falar “o que uma miss tem que ter”. Os próprios entrevistadores são tão “antenados” que se limitam apenas a pedir a encenação do tchauzim – este sim o grande protagonista.

A decadência, com ou sem a Band, é tamanha que para termos uma ideia da dimensão é só assistir as poucas entrevistas dispostas na Internet com misses brasileiras. Atentemos que (muito embora sabendo) os entrevistadores fazem questão em deixar transparecer que desconhecem totalmente o universo-paralelo. Fazem perguntas imbecis durante todo o tempo e sempre com ar interrogativo maior do que a interrogação da pergunta propriamente dita.

Ok! Agora vejamos um vídeo onde são entrevistadas as donas representantes dos mais diversos países e observemos o quão grande é a diferença e o incondicional respeito que é dado às profissionais-enfaixadas.

Aqui ainda há muito para se aplaudir. Mas os aplausos devem ser entoados quando não tivermos um evento limitado apenas à concentração final. Quem aplaude sem interesse de lograr vantagem é o grande público. E se ao grande público é apresentado uma moça com motivos de chacota, desinteresse e desconhecimento já “de casa”, não terá razão nenhuma aplaudir.

Uma organização de verdade jamais se limitaria à realização de um evento uma vez a cada ano. Uma Organização deve ser organizada a transparente a cada dia, todos os dias o ano inteiro.

quarta-feira, 27 de março de 2013

A beleza vai muito além daquilo que pensas que ela é...

Não é possível que alguém que entenda o mínimo dos concursos de beleza ainda padeça de pensamentos retrógrados quando se fala daquilo que um dia se denominou “belo”... (e não estou falando de pagode). A percepção da beleza nesses eventos nunca foi o padrão que alguns estabelecem para si mesmos e querem, a qualquer custo impor aos demais. Não é de hoje que nem sempre o mais belo rosto vence um certame de beleza. E não é de hoje que muitos-entendedores acompanham esse percurso a ainda insistem em render-se ao chamado rosto-padrão-de-beleza-pintado-a-pincel.

A conhecida reação da miss Japão 2007 ao ser anunciada como a miss Universe 2007  - Uma beleza fora dos padrões, nem por isso deixa de ser bela.
Não concordar com os “padrões” da beleza é foro de cada um. Por isso são “padrões” e não padrão. Dizer que uma candidata vencedora não é digna de um título por causa desse tal padrão é uma afirmativa tão verdadeira quanto o é olhar a mula-sem-cabeça, comendo grama fresquinha e orvalhada numa manhã de céu azul.

A brasileira Camila Serakides arrebatou o título de miss Continente Americano 2012 e muitos se prontificaram a sair na dianteira a declarar, e porque não, blasfemando contra os deuses-da-beleza por permitirem tamanho sacrilégio.

Como pode???, dizem os todo-poderosos donos da beleza-padrão e da razão, - como é possível dá um título de beleza para uma mulher que blá blá blá blá??...
Camila Serakides - miss CA2012

Isso não é passado. É assunto recorrente em fóruns e papos sobre misses. Mas, sosseguemos... nem é preciso ir pedir audiência no Olimpo para se chegar à tal resposta, antes indagada.

Quem realmente sabe o que é a beleza, felizmente, são aqueles que estão à frente de alguns eventos dessa área - embora saibamos que haja muitas exceções. E estes perceberam (quase sempre) que a beleza não se restringe apenas ao formato e tez de um rosto “esculpido”. A beleza deve ir além disso, especialmente quando se busca uma embaixadora para representar uma determinada Organização.

A mais bela, se vista pelo ângulo da razão, sempre será aquela mais articulada; aquela que saiba falar, comunicar-se em todos os sentidos; saiba chamar para si o foco das atenções; impor-se com carisma e simpatia na medida certa, desprovida de caricaturas e gestos ensaiados. Tudo isso e muito mais se somado a um “rostinho bonito” – maravilha. Todavia, se não o tem, as demais qualidades por si só devem prevalecer – e prevalecem.

M. Universe 08 - a beleza-padrão
E foi exatamente o que aconteceu com a bela Serakides; foi o que aconteceu com a bela Gabriela Markus do Brasil; foi o que aconteceu com a Japa MU2007; foi o que aconteceu com Stefanía – a Magnífica, no MU209 e tantas outras. Claro que não podemos esquecer as regras da conveniência que tanto se fala, a qual nunca foi e nem será apenas um termo abstrato.

É muito bom quando a vencedora reúne todos os atributos, como ocorreu nos MU2008 e 2010, mas o fato da ausência de um certo padrão de beleza na face, JAMAIS DESMERECERÁ uma vencedora. O vencer deve vir imbuído numa meta proposital, bem como pelo merecimento e pela beleza peculiar a cada uma;

E muitas outras ditas “feias” ainda arrebatarão muitos títulos, ainda que, os todo-poderosos-donos-da-beleza-padrão-e-da-razão não percebam que esta (a beleza) é uma virtude ilimitada, abstrata e altamente subjetiva.

Um olhar sobre os Filhos das Palmeiras


 
Palmeiras de coco babaçu

Os grandes lances da vida as vezes acontecem num lampejo. Bem, fiz uma pequena viagem (aproveitando uma pausa trampal) e fui, corajosamente, descobrir um Brasil que a maioria dos brasileiros desconhece.
A minha escala foi uma, aliás, duas cidadezinhas perdidas nas entranhas do grande (e maltratado) Estado do Maranhão.
Observei nesses poucos dias, realidades tão distintas, às vezes crueis, mas extremamente fascinantes; observei o descaso gritante e desrespeitoso que o poder público brasileiro dispensa aos filhos da terra.
Senti que o preconceito dispensado aos pobres (aliás, a pobreza-econômica-extrema é o único “segmento” que tem ampla maioria e é discriminada), mormente dos Estados menos favorecidos, é fruto de total desconhecimento, de ignorância e egoísmo dos ditos “civilizados-citadinos”.
Aquelas pessoas que vivem, não apenas no interior do Maranhão, mas nos confins dessa nossa continental nação, cultivam uma força de vontade tão, mas tão gigantesca que torna-se impossível não nos envolver diante de tanta simplicidade, solidariedade e nobreza e, infelizmente, sofrimento e abandono social.
Como explicar a atitude de uma mãe de família calejada pelas labutas da vida oferecer-lhe um almoço especial, fazendo o cardápio com um dos poucos frangos que criara no “terreiro”, sem nunca tê-lo visto antes? E sabendo que, inevitavelmente, irá fazer falta na mesa do amanhã?
É algo que não devemos buscar uma explicação, simplesmente porque a ação por si só é explicável na prática e dispensa teorias.
Há momentos que somos mais maduros de pensamentos e nesses interstícios de lucidez humana é plausível aproveitá-los e tentar fazer algo novo, diferente e que venha resultar benefícios, ainda que sejam benefícios restritivos ao espírito.
Quando nos deparamos com as adversidades e diversidade é que percebemos que não somos tão fortes como sempre imaginamos ser. Nessas horas nos indagamos a nós mesmos: será que eu teria tamanha força se fosse posto a prova como muitos o são? Sim, teríamos; e digo teríamos porque tanto eu quanto você não somos diferentes daqueles que “sofrem” ou padecem de doença-social-crônica e sob alguns aspectos, incurável.
 
Mulheres na quebra-de-côco - vida dura, mas muito dígna.
Nessa feita, conheci algumas quebradeiras de côco-babaçu. São mulheres que passam o dia inteiro realizando a difícil tarefa de extrair a castanha do vegetal que está envolta numa crosta duríssima. As condições que essas donas-de-casa trabalham é estafante e de extremo perigo de mutilação, visto que usam um machado com o gume afiado voltado para cima enquanto marretam o fruto concreto para extração da “semente”. Mesmo assim, bem treinadas (dizem que fazem aquilo desde a infância) cumprem seu ofício com precisão e destreza. No fim do dia aqueles poucos quilos que conseguiram extrair transformar-se-ão “em pão na mesa das crianças” no dia seguinte (ou no mesmo dia).
O semblante traz cansaço. A pele ressecada e sem nenhum trato adicional mostram mulheres bem mais velhas do que realmente são. Mesmo assim cantam, fofocam, riem... no pouco tempo que pude presenciar, vi que talvez, caso fossem infelizes, certamente não seria por está naquela labuta.
Alguns dizem que existe uma associação ou coisa do tipo; cooperativa, talvez, que dá respaldo às quebradeiras-de-coco “profissionais”. Na verdade há. Eu já ouvira comentários a respeito. Sinceramente, ainda não sei o que fazem (não procurei saber, ainda), mas sei o que ainda não fizeram: beneficiar aquelas senhoras e até crianças, que veem no babaçu sua fonte de sustento.
Hoje, meus caros, posso afirmar que sei (ao menos) um pouquinho, exatamente o que Euclides da Cunha quis nos revelar quando afirma que ”o sertanejo é, antes de tudo, um forte”...
Muitas vezes, do alto-de-nossas-camas-macias, nos esparramamos, ligamos uma música baixinha ou tomamos um banho quente depois de um dia de trabalho suado. Merecemos o descanso e, claro, reclamamos. Trânsito caótico, chefe enjoado, subordinados indisciplinados, ônibus ou metrô lotados... mas, no final temos a certeza de um descanso merecido. É o justo – o mínimo justo, que cada um merece.
A realidade na qual muitos brasileiros “agonizam” é incerta e em alguns casos a pobreza é extrema mesmo. E depois de um dia de trabalho, que nem o dia mais caótico no trânsito da cidade seria pior, essas pessoas voltam para “seus lares” e já à noitinha ainda passam na “quitanda” (quando é próxima), para vender o produto do trabalho ou trocar por comida que ainda será consumida no jantar... muitas vezes regada à água (apenas), à luz de “lamparina”, pois a luz elétrica ainda não chegou ou se chegou não há como pagar sem fazer falta no pão-de-cada-dia.
Caso não nos atenhamos à situação de descaso (o que é difícil) é perceptível que a tal teoria de que nós brasileiros somos um povo alegre, não é de tudo uma falácia. Mesmo nas adversidades constantes por que passa nosso povo, somos esse povo que somos.
Vivemos oportunidades diferentes; vivemos amores diferentes, embora o sentimento seja igual; vivemos caminhos diferentes; “status” diferentes... mas, temos anseios compatíveis – o do amanhã melhor.
Como podemos ser tão diferentes, se somos tão iguais? Como podemos ser tão torpes (às vezes) ao ponto de menosprezar nosso próprio povo. Por que nos tornamos tão egoístas ao ponto de criarmos uma bolha mundana e particular e, insistentemente, acreditar que o mal não nos atingirá?
Tanto a executiva bem sucedida, como a quebradeira-de-coco (mesmo não associada), têm o mesmo valor. Cada uma é fundamental no âmbito que atua, e aqui há a proporção... mas, infelizmente essa proporção também existe num ambiente que não deveria existir. Infelizmente, repito, a dignidade da pessoa humana ainda é assegurada na proporção do famigerado “status” que tem uma pessoa.
Um Estado que permite que seus cidadãos padeçam na precariedade é um Estado omisso, corrupto e insensível. Da mesma forma, é insensível e corrupto um cidadão que, por se achar em situação mais abastada pense que possa menosprezar um semelhante, por ser este humilde.
Jamais atire a pedra e se precisar fazê-lo, faça-o com parcimônia, pois não há como se precisar a quem ela irá atingir. Menos ainda, a direção que tomará numa eventual resvalada.
Uma das formas de se viver é conhecendo a vida e as dificuldades, e as pessoas da forma que realmente são, sem subterfúgios, sem maquiagem. Definitivamente, seremos mais humanos se conhecermos a nós mesmos e não há escola melhor para isso que conhecer o semelhante – o nosso próprio reflexo. Refletimos, sim, uns aos outros... porque somos todos iguais, queiramos ou não.
... já dizia Gentileza!
Lá nos confins dos sertões, da caatinga, do cerrado, dos pampas e nas algibeiras das cidades existem pessoas lutadoras e decentes tanto mais ou quanto são os cultos que governam, muitas vezes conduzidos pela insensibilidade.
 
O sertanejo que sobrevive à margem, da massa do coco babaçu, representa apenas uma pequena ramificação dos muitos lutadores filhos da Terra. E nesse turbilhão pedregoso e urticante a esperança reina na união de forças e empenho crescentes. Somos antes de tudo, FORTES... as quebradeiras-de-côco que o digam.

terça-feira, 26 de março de 2013

Brasil de todas as caras

Texto originalmente escrito em 18/11/2012
Quando da eleição da miss Brasil/12 presenciou-se muitas manifestações: de contentamento, pela escolhida ostentar uma preparação condizente com aquilo que se deseja de uma miss-modelo e modelo-miss; e de indignação, pelo fato de, aos olhos de alguns, ser a escolhida o "mais do mesmo".

Miss Brasil 2006 - nesse ano a mais competente no palco ficou em 2º lugar (1ª à direita na foto) - Conveniência I
Pelas manifestações de apoio não há muito que se falar – são coerentes e a MUB/12* é, realmente, uma miss preparada; já no que se refere às manifestações nem tanto amistosas, há que se falar o que já se sabe e tantos insistem em forjar amnésia: a miss verdadeira não é aquela que tem rosto perfeito e sim aquela que é perfeita na integralidade, no todo.

Há aqueles que defendem a ideia de que as coordenações estaduais dão preferência ao mesmo “biotipo” (palavrinha tosca) – as morenas de pele branca e por consequência, a nacional. Segundo alguns mais “estudados” isso ocorre porque “esse” é o retrato do Brasil “lá fora” e o sucesso retumbante só virá pelos méritos de uma morena-de-pele-branca-ou-clara; e mais, os estrangeiros só gostam de brasileiros morenos-de-pele-branca e cabelos escuros, pois estes espécimes morenos são a cara-do-Brasil. Eu vos digo: quanta ideia falaciosa; quanta bobagem sem medida; quanto pensamento em movimento aceleradamente retardado.

Miss Brasil 2008 - nesse ano a mais competente no palco ficou em 3º lugar (3ª da esquerda pra direita na foto) - Conveniência II
Vencem as morenas-de-pele-clara-ou-branca, simplesmente por que, coincidentemente, elas se apresentam mais preparadas ou em maior número. Se numa competição, um grupo se sobrepõe a outro em determinado quesito, quantitativamente, é natural pensar que em termos proporcionais esse grupo tenha maior viabilidade de sucesso. Mas, isso quer dizer que é predominante? Jamais. Há vantagem-proporcional, jamais vantagem-de-domínio.

Até mesmo em fóruns estrangeiros a ideia do branco-de-pele-clara (ou seria moreno-de-pelo-branca?) é dominante. À bem da verdade, mormente para o miss Universo, o tal biotipo tem se repetido – mas, insisto na coincidência da melhor preparada. Claro, ressalvadas as exceções da conveniência macabra dos conchavos de bastidores. Não devemos ser tão ingênuos.

Michelly Bohnen, miss Santa Catarina 2011 - uma bela loura que não avançou no miss Universo Brasil 2011 por mostrar-se insegura no palco.
Em 2011, por exemplo, nenhuma loura foi ao top5 e não porque fossem loiras, mas porque se apresentaram visivelmente despreparadas. Em 2012, poderíamos sim ter loiras, negras, morenas e ruivas competindo, mas o corte-gigante não permitiu isso. Daí, ficamos com as tais-morenas-de-pele-clara.

Para defender teorias falaciosas há que se condenar também a Austrália, que parece mandar, a cada ano uma-ninfeta-loira-saída-da-mesma-linhagem-ou-forma – e o que os “sábios” dizem aqui? – “uau!!! Que lindas são as Australianas!!! (e haja exclamações!!!); Há que se condenar o México, que a cada ano também manda o mesmo perfil morena-de-pele-branca-saída-da-mesma-forma – e o que os “sábios” dizem aqui? – “uau!!! Que lindas as mexicanas; que latina!!! (e haja exclamações!!!);

Personalidades brasileiras refletem as caras do Brasil.
E o que dizer das orientais que têm os mesmos traços? Pobres orientais! São todas vítimas dos “sábios”. Não há japonesa loira ou negra, mesmo miscigenada ainda assim o traço japonês/oriental predomina. O que fazer aqui? Condená-los também? Seria hilário uma chinesa loira ou negra representando o China só para satisfazer o ego da pseudosabedoria.

A velha história do biotipo-brasileiro é de um equívoco sem tamanho. Não há um tipo específico do nosso povo. Isso por conta da tal diversidade étnica, queira “os sábios” ou não. Mulatas não têm a cara do Brasil; loiras não têm a cara do Brasil; negras não têm a cara do Brasil; amarelas não têm a cara do Brasil; índios não têm a cara do Brasil.

A cara do Brasil (se é que tem uma) é a cara de toda essa gente, e isso independe de cor. NÃO HÁ PADRÃO DE BELEZA BRASILEIRA. Há sim as belezas brasileiras as quais se ramificam por todas as origens possíveis.

Sermos agraciados com a grandiosidade de uma nação diversa deveria ser motivo de elogios incondicionais às belezas que temos. E o fato de não se ter uma representante loura ou negra não quer dizer que valorizamos um “biotipo” (novamente a famigerada palavrinha) em detrimento de outro; quer dizer, apenas, que não tivemos uma representante nesses termos com a preparação adequada para tal. Quando elas se mostraram capazes foram eleitas. O histórico do miss Brasil nos diz isso.

Deise Nunes, miss Brasil 86 e semifinalista no miss Universo foi (é) exemplo de competência e beleza.

Se a altura não influencia, por que tentar escondê-la ou disfarçá-la?

Vejam, não achamos de tudo ruim a Culpinho levar a fruteira, não. Ela, inegavelmente, tem méritos. Já havia demonstrado isso lá no MUSA12 (Miss EUA), diga-se, uma vitória justa do ponto de vista externo.

Olivia Culpo, miss EUA12, vitória sem artifícios aparentes.
No miss Universo 2012 é que alguns pontos ficaram obscuros em relação a atuação da ninfeta. Sabemos bem que os concursos (sérios) se ganha desde o primeiro momento da chegada. Observadores, árbitros preliminares e outras etecéteras. Culpinho simplesmente não apareceu. Estava sumida – e aqui não se faz referência à altura da dona.

É óbvio que aqueles que veem de fora (e muito de fora), não percebem tudo o que se passa. São várias etapas (algumas à portas fechadas) para enfim, se chegar a um ponto-de-corte. Lembremos que não deve ser nada fácil avaliar quase cem mulheres, a maioria lindas, e determinar quem vai passar à fase seguinte. Mais difícil ainda é percebermos, enquanto telespectadores, a evolução de candidatas sem a mínima condição de competir, e isso em detrimento de quase infinitas outras opções.

Índia, França, México, dentre outras... foi (e está sendo) por demais complexo entender os cálculos que as catapultaram ao top16 – inclusive EUA. Percebe-se claramente que num certame do porte do MU, a política da boa vizinhança, senão impera, no mínimo predomina. E o "pré-domínio" aconteceu com algumas indicações. É justo? Talvez não. Mas essa é a real situação que se constata a cada ano.

Seria leviano afirmar que a Culpo levou apenas porque estava em casa e que o Trump assim determinou. Pode ser que sim, mas o não tem a mesma proporção. Portanto, não há plausibilidade de uma afirmação positiva e categórica.

Não se pode negar também, que mesmo alcançando o top16, o força da Culpinho fora exaurida na apresentação de biquíni e confirmada na apresentação de gala. Revendo o evento, é impossível encontrar a Culpo que venceu o MUSA12. Estava literalmente perdida e passava insegurança na passarela. A exceção foi na entrevista, claramente o seu ponto-forte. Mesmo ali, pairou a inquietude.

Olivia Culpo na apresentação de biquíni - corpo disforme e uma das piores passarelas apresentadas na noite final do Miss Universo 2012.

Agora fica o questionamento: será que a resposta final recebe, de fato, a mãe-das-notas? E, por conseguinte, sacramenta as favoritas? Partindo do pressuposto que as cinco finalistas tem plena capacidade para o exercício da função (senão não estariam entre as 5+) é possível afirmar: sim, a mãe-das-notas está intrinsecamente ligada à entrevista final. E foi exatamente neste ponto que Culpinho levou a Fruteira. Novamente há controvérsias, uma vez que Filipinas saiu-se melhor ao falar.

Quanto à altura, sinceramente, nunca vi esse quesito como empecilho numa candidata (a não ser se essa candidata torna-se marombada como a Honduras12). Muitos afirmam que ficaria sumida, cheirando-o-peido das demais concorrentes. Pura lenda urbana. Mas essa dita lenda, povoa até as mentes dos donatários, pois estes, com suas pequeninas eleitas, fazem de tudo para elevá-las à altura das demais, impondo-lhes altas-plataformas-escondidas-em-pano.

Não carecia (por exemplo) socar a pobre Culpo naquela fantasia, sujeitá-la a possível tombo lá do cume das plataformas e ristecer-lhe os escalpos num penteado longilíneo. Foi aqui que residiu a armação. A prevalência do fingimento cínico. Sim, porque todos tinham (e tem) consciência da altura da dona. Porque não aparelhá-la com vestes proporcionais? Apesar de instigarem a muitos a dizer que tamanho não é documento, na eleição da MU, os próprios tentam disfarçar a pequenez anatômica da escolhida elevando-a sobre pernas-de-pau, mantendo assim a hegemonia da ditadura do pensamento preconceituoso de que mulher baixa não pode ser miss.

Miss Universo 2012 - a emoção da vitória ou a face da incerteza?

Mulher baixa pode sim ser miss, mas seria bem mais sensato apresentá-la em sua naturalidade, pois se essa virtude conta tantos pontos, é uma pena o “ser natural” só valer pontos numa simples resposta.

Teria sido infinitamente mais agradável ver a Miss Universo 2012 ser coroada desprovida de montagens. Seria mais respeitoso não tentar ludibriar os espectadores com artifícios e truques tão amadores. Caso tivessem eles jogado limpo com o público, teríamos (todos ou grande parte) aplaudido essa vitória, como ocorreu na eleição nacional, pois, mostrando a sua baixa estatura no MUSA12, ela só provou o quanto era gigantesca. Poderia ter repetido o feito no miss Universo. Perdeu uma chance de ouro, mesmo ganhando a fruteira, de mostrar que o tamanho do corpo não é proporcional à inteligência. Agora já-era!

Aprovo a dona e condeno os métodos – Isso nem serve de consolo, pois nada influencia.
... e lá vamos nós... recomeçar.

segunda-feira, 25 de março de 2013

... nas asas da imaginação - II



Quando escrevemos, nem de longe temos a pretensão de dominar o mundo (paralelo), ou mesmo mudá-lo. Menos ainda, temos um posicionamento de inconformismo. Particularmente, acho bonito de se ver os tais concursos e gostaria, sim, de vê-los mais entrosados com todos os públicos. Fora isso, nada além de um “robi”.
Cérebro - sem o Pink seria o fim.

É inevitável não se associar ao MU12 à polêmica teoria dos conchavos, dos direcionamentos. Os concursos de beleza como um todo sempre foram controversos e 2012 foi um ano bem evidenciado em contrastes nos principais certames. Diante de tudo que conseguimos captar podemos imaginar uma infinidade de possibilidades usadas pelos donatários para a escolha da peteca-da-vez.
Olivia Culpo, miss Universe 2012 - a Peteca da vez.
Uma Peteca em sua forma original.

No MU12, por exemplo, podemos tomar por base, três possibilidades (dentre muitas):

– é a mais fácil de compreender e a mais aceita – as regras da conveniência – o concurso é "meu", eu escolho ou elevo a quem convir. Por essa tese o top16 e a escolha da MU foram justíssimos – não havia meios de a Olívia (que não é a Palito) não sagrar-se a melhor do universo;

– a elevação da candidata ao top16 pelos méritos alcançados individualmente + o arbítrio dos donatários que assim o decidiram – regra da conveniência + a capacidade individual – top formado e a partir daí, salve-se quem puder. Só as melhores avançarão. Essa tese justificaria (em 2012) a classificação da Índia, da França, do México (as sem méritos claros) dentre outras; – Brasil, Austrália, Venezuela, Polônia (as com méritos claros) e a desclassificação de tantas outras muito melhores que nem sequer foram vistas (desclassificadas pela conveniência do dono);

– top16 único e exclusivo por desempenho idividual – UTOPIA – tomando novamente 2012 como referência talvez chegássemos (das 16) a um top5 – Austrália, Brasil, Venezuela, Filipinas (não levemos em consideração a real aparência com a qual a filipina se apresentou), Polônia e nada mais... as demais candidatas que ali foram chamadas jamais atingiriam uma nota suficiente para alçá-las adiante. Não por não serem competentes para tal, mas pelo desempenho forte e gritante das demais concorrentes.
Miss Universe Netherlands 2012 - uma das desclassificações incompreensíveis no miss Universe 2012.

Por fim, num top5 onde as notas (aparentemente) são zeradas e a entrevista sacramenta a vencedora, por mérito, a coroa deveria ser das Filipinas, pois foi ali que reinou a ousadia, a espontaneidade e a inteligência de uma resposta rápida e coerente. É claro que não se está a falar da beleza padrão e plena.
Miss Universe Philippines 2012 - resposta segura e coerente pode tê-la garantido o 2º lugar no MU12 (ou não?)

Fica pois a lição que muitos não querem aprender. Eleger os rostinhos forjados pelo bisturi e pintados à mão, não vai garantir nada. Menos ainda os corpinhos violões e tesudos de mulheres-frutas. Aliás, garante a satisfação dos nossos olhos limitados, pois aos olhares daqueles que realmente importa, nada dirão.

Depois da piada que foi o miss Universe 2012, Afrodite deve ter caído em gargalhadas soltas diante da falta de criatividade dos mortais em perceber as nunces da beleza.

Não havemos de ficar tristes, mas devemos falar sempre, não? É bem verdade que a real é que tudo gira em torno de interesses onipresentes, escusos ou não, mas impossíveis de se entender.

E quanto as gargalhadas de Afrodite, nunca haveremos de saber o que pensou, de fato, ao proferí-las tão acintosamente.