sábado, 23 de março de 2013

Miss Brasil e a questão do gênero.



Colisões de ideias sempre existiram e, felizmente, sempre existirão. Onde elas inexistem ou são suprimidas à força, emerge o totalitarismo e todas as truculências advindas. Felizmente, em nossas ensolaradas terras, vencemos tais barreiras. A geração passada sacrificou muitos sonhos, ditos menores, em nome daqueles mais pomposos, consistentes, portanto, duradouros.

Repressão militar no Brasil - um período sombrio e tenebroso rompido pela vontade de não apenas viver, MAS EXISTIR plenamente.

Nos dias atuais, podemos dizer que colhemos os louros oriundos das lutas passadas. Mas, isso nem de longe quer dizer que a geração atual deva ser transviada e irresponsável. Precisamos preservar as duras conquistas e buscar agregar força para chegarmos sempre a uma posição mais favorável.

Recentemente, tomamos conhecimento de alguns informes aqui no universo-paralelo (não menos importante que o outro universo) de mais evidências sobre a efetividade de a bússola do Miss Universo Brasil - MUB vir a guiar os navegantes, de fato, para o norte. Claro que tudo está sendo feito às escuras de maneira muito acanhada, mas convenhamos, são mudanças. Elas sempre requer parcimônia.

Outro ponto importante e o ponto central é a possível participação de um “moço” em certame estadual e por consequência, nacional. Explica-se: surgiu um informe dando conta de que um transexual concorreria ao miss Distrito Federal.

Aqui retornamos à ideia inicial das lutas de classes por igualdade. Devemos reconhecer que a sociedade brasileira (e creio que nenhuma sociedade, por mais democrática e instruída que seja) não está madura o suficiente para "aceitar" os transexuais atuando em certames de beleza convencionais para mulheres. Por outro lado, é uma porta que pode vir a ser aberta e com a possibilidade de jogar de vez por terra, os tabus e preconceitos que sobrecarregam a imagem desses profissionais e antes, pessoas.

Nas ditaduras, as mudanças se dão pelo choque da imposição, nas democracias pelos debates ideológicos, pela colisão de pensamento e pela inclusão dos ditos “desiguais”. Caso seja confirmada (e aceita) a participação da pretensa-aspirante, teremos mais uma prova de que começamos a romper as paredes de mais uma casta-encasulada que ao longo dos anos insistimos em fingir inexistência.

Ao contrário da nossa percepção, as castas existem imbuídas em seus muitos disfarces. Felizmente, nunca experimentamos o sabor real dessa famigerada e doente ideologia em sua plenitude, contudo, minúsculas segregações existem e devem ser combatidas, pois o efeito delas em maior ou menor escala é o mesmo. Quem o Homem pensa que é pra forjar uma pirâmide e determinar nela a posição de cada um?

Não obstante às lutas acirradas vigentes, aí está mais uma guerra que não será fácil vencer, mas, nem por isso pode ser considerada uma batalha perdida.

Discordar é ato de foro íntimo; criticar (com responsabilidade) é uma maneira de expressar a liberdade; mas, o respeito é o alicerce onde tudo se sustenta. Posicionar-se contra ou a favor não implica, necessariamente, ser homofóbico ou não. O diferencial é o grau de racionalidade utilizado para se defender cada ponto de vista. Soma-se isso a capacidade de se absorver críticas e olhá-las sem achar que o mundo conspira contra aquilo que se defende.

Por último, da mesma forma que muitos se opuseram e desacreditaram em nossa liberdade vigente, haverão insurgentes ferrenhos para tais casos. Muitos se oporão, mas o resistente de hoje pode vir a tornar-se em herói amanhã.

Pessoalmente, tenho a convicção formada de que elas jamais serão mulheres, mas convicção cada um tem a sua (isso é DEMOCRACIA), ademais, enfrentar reprovações e polêmicas nunca foi nem será razão para se desistir de uma meta, de um alvo lícito e sadio. Nem o é, também, a questão da sexualidade ou a do gênero.

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