domingo, 24 de março de 2013

O bairrismo não precisa ser extremista, basta ser racional.

Bairrismo... é um termo comum, mas pouco utilizado no cotidiano-vocabular-tupiniquim. Falei “no cotidiano”, porque no mundo-paralelo* ele é bem corriqueiro. São muitos os que são taxados de bairristas nas discussões-miss'ológicas vigentes.

Muito embora enchamos o peito para dizereu não sou bairrista”, sabemos que tem aí uma pontinha de falta de sinceridade, pra não dizer, uma pitadinha de mentira. Todo mundo defende uma causa, e mesmo não denominando isso de “bairrismo”, o isso nada mais é do que o próprio.

Normalmente (isso não é normal), quando rompemos as barreiras da razão, o sentido torna-se mais pesado... aí vai ganhando outras denominações, tais como: extremismo, fanatismo, hegemonia ou hegemônico, ditador, dominador e por aí vão... repare bem que todos os citados, na prática, puxam-a-batata-para-seus-fogões. Em pequena ou em grande escala, com nomes diferentes, o sentido e o sentimento tendem a ser o mesmo.

Em sentido amazônico pendemos em admitir o termo “hegemonia”. Alguém já ouviu falar numa tal “hegemonia ou domínio americano”? Aqui jamais seria sensato dizer que os estadunidenses são bairristas. Isto porque estamos a falar de algo no âmbito das relações internacionais e outros blá, blá, blás. O bairrista-ao-extremo, tende (como dito antes), a achar que o mundo passa a girar em torno dele. Ele acredita ser o melhor, ele acredita ter o país melhor, pessoas melhores. Por consequência, esquece que todas as pessoas são iguais em potencial de discernimento e diferentes em oportunidade de aprender. Daí, imbuído com a auto-certeza, se proclama o senhor-do-mundo.

Por causa do bairrismo desmedido os Estados Unidos tomaram para si o continente América. Americanos são "apenas" os nascidos naquele país dominante (isso na concepção bairrista deles), embora saibamos que não é verdade. O bairrista sempre posiciona-se acima daquilo que ele julga inferior e mesmo se o aquilo não for tão inferior assim, ele se incumbe em fazer-se acreditar e aos outros. É sempre do bairrista a prerrogativa de decisão, ou a última palavra – o ultimato.

Temos infinitas formas de nos mostrarmos bairristas. Vejamos alguns termos bem comuns: “sou católico, graça à Deus”; “orgulho de ser nordestino”; “orgulho de ser brasileiro”; “sou gaúcho com muito orgulho”; e por aí vai... são apenas algumas expressões que remetem à isso que chamamos aqui de “bairrismo”.


Referência do orgulho nordestino - no Brasil já houve movimentos separatista em todas as regiões.

O bairrista racional creio que seja até benéfico. É importante termos nossos ideais, contudo, lembrando que o nosso limite pode ser o início da crença daquele que está logo ao lado. Há, portanto, o viés, o lado positivo por assim dizer.

Peguemos o movimento separatista do Rio Grande do Sul (já que é este estado um dos alvos de discussão mais visados). Eis um exemplo fático da nossa realidade.


Slogan de movimento separatista (bairrismo-perverso) - fere a Carta Constitucional do Brasil, que afirma que o Estado Brasileiro é Indissolúvel.
Ali se buscava uma “segregação” geográfica, econômica e política, independência. Lá no fundo, qual era a (auto) ideologia: somos diferentes, somos melhores e podemos ser ainda mais se nos mantivermos sozinhos ao mesmo tempo unidos. Será? Contudo, entre a ideologia e os fatos reais, há um grande abismo. E o que aconteceu? O movimento cessou e, embora não admitindo é facilmente dedutível (dedução também é bairrismo): somos bons, mas não o suficiente para nos mantermos grandes. Vale a pena sermos grandes em ideologia e sonhos (equivocados) ou sermos grandes de fato sendo parte do todo, do gigante dominante?

Eis que a razão venceu a emoção, esta, alimentada pelo apreço àquilo que é “meu”.

Ter amor as raízes, defender a terra natal e seu povo é lindo e digno. Mas, isso torna-se em uma prática infame no momento em que for feito em detrimento de outrem. Ser bairrista, é (ou deveria ser) antes de qualquer coisa, ser responsável, coerente, e o mínimo justo, pois a linha entre o sensato e o sádico é tão tênue que às vezes a rompemos e nem nos damos conta.

Pela parte e pelo todo, percebemos que o bairrismo tem lá suas contribuições: primeiro, a hegemonia dos ditos países ricos (bairristas) vem sendo, não quebrada, mas acompanhada pelos demais que antes serviam de tapetes e hoje os encaram de igual para igual. Os ricos d'antes sabem que não conseguirão manter-se a si mesmos indefinidamente, excluindo os demais; segundo, a separação fracassada que, dentre outras lições, serviu para unir ainda mais o gigantesco Brasil – nossa bela Nação; e, terceiro,  para entrarmos definitivamente no mundo-paralelo, o bairrismo-miss'ológico do RS e MG, tem servido de incentivo aos demais estados que ano após ano mostram-se mais dignos de competir nos certames nacionais.

Brasil - o país continental que abriga uma prole pacífica e unida pelo mesmo idioma, de norte a sul. Somos UNO e somos felizes assim.

Oscilando entre o bem e o mal, o bairrismo deixa suas marcas, as quais, nem todas mostram-se benéficas - como já enfatizado. Apesar de sermos racionais, nem sempre agimos fazendo o uso dessa dádiva que possuímos.

Hoje, temos os bairros-miss'ológicos-brasileiros, em todo o Brasil. Regiões: Sul – RS; Sudeste – MG; Centro Oeste – DF; Norte – AM; Nordeste – CE e BA. Claro que ainda falta muito, mas quem sabe não se consegue garimpar algo positivo nesse turbilhão de ideias antagônicas, flutuantes nesse ambiente bairrista.

Sejamos, pois, bairristas com esmero e responsabilidade, com a certeza de que discutindo e mesmo tirando faíscas e farpas, poderemos chegar a um ponto-comum que nem imaginávamos ser possível.


* mundo dos concursos de beleza.

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