Bairrismo...
é um termo comum, mas pouco utilizado no cotidiano-vocabular-tupiniquim. Falei “no
cotidiano”, porque no mundo-paralelo* ele é bem corriqueiro. São muitos os que são taxados de bairristas nas discussões-miss'ológicas vigentes.
Muito
embora enchamos o peito para dizer “eu não sou bairrista”, sabemos que tem aí
uma pontinha de falta de sinceridade, pra não dizer, uma pitadinha de mentira.
Todo mundo defende uma causa, e mesmo não denominando isso de “bairrismo”, o isso
nada mais é do que o próprio.
Normalmente (isso não é normal), quando rompemos as barreiras da
razão, o sentido torna-se mais pesado... aí vai ganhando outras denominações,
tais como: extremismo, fanatismo, hegemonia ou hegemônico, ditador, dominador e
por aí vão... repare bem que todos os citados, na prática,
puxam-a-batata-para-seus-fogões. Em pequena ou em grande escala, com nomes
diferentes, o sentido e o sentimento tendem a ser o mesmo.
Em
sentido amazônico pendemos em admitir o termo “hegemonia”. Alguém já ouviu
falar numa tal “hegemonia ou domínio americano”? Aqui jamais seria sensato
dizer que os estadunidenses são bairristas. Isto porque estamos a falar de algo
no âmbito das relações internacionais e outros blá, blá, blás. O bairrista-ao-extremo,
tende (como dito antes), a achar que o mundo passa a girar em torno dele. Ele
acredita ser o melhor, ele acredita ter o país melhor, pessoas melhores. Por
consequência, esquece que todas as pessoas são iguais em potencial de
discernimento e diferentes em oportunidade de aprender. Daí, imbuído com a
auto-certeza, se proclama o senhor-do-mundo.
Por
causa do bairrismo desmedido os Estados Unidos tomaram para si o continente
América. Americanos são "apenas" os nascidos naquele país dominante (isso na
concepção bairrista deles), embora saibamos que não é verdade. O bairrista
sempre posiciona-se acima daquilo que ele julga inferior e mesmo se o aquilo não
for tão inferior assim, ele se incumbe em fazer-se acreditar e aos outros. É sempre do
bairrista a prerrogativa de decisão, ou a última palavra – o ultimato.
Temos
infinitas formas de nos mostrarmos bairristas. Vejamos alguns termos bem comuns: “sou católico, graça à
Deus”; “orgulho de ser nordestino”; “orgulho de ser brasileiro”; “sou gaúcho
com muito orgulho”; e por aí vai... são apenas algumas expressões que remetem à
isso que chamamos aqui de “bairrismo”.
Referência do orgulho nordestino - no Brasil já houve movimentos separatista em todas as regiões.
O
bairrista racional creio que seja até benéfico. É importante termos nossos
ideais, contudo, lembrando que o nosso limite pode ser o início da crença
daquele que está logo ao lado. Há, portanto, o viés, o lado positivo por assim dizer.
Peguemos
o movimento separatista do Rio Grande do Sul (já que é este estado um dos alvos
de discussão mais visados). Eis um exemplo fático da nossa realidade.
Slogan de movimento separatista (bairrismo-perverso) - fere a Carta Constitucional do Brasil, que afirma que o Estado Brasileiro é Indissolúvel.
Ali se buscava uma “segregação”
geográfica, econômica e política, independência. Lá no fundo, qual era a (auto) ideologia: somos diferentes, somos melhores e podemos ser ainda mais se nos
mantivermos sozinhos ao mesmo tempo unidos. Será? Contudo, entre a
ideologia e os fatos reais, há um grande abismo. E o que aconteceu? O movimento
cessou e, embora não admitindo é facilmente dedutível (dedução também é
bairrismo): somos bons, mas não o suficiente para nos mantermos grandes. Vale a
pena sermos grandes em ideologia e sonhos (equivocados) ou sermos grandes de fato sendo parte do todo, do
gigante dominante?
Eis que a razão venceu a emoção, esta, alimentada pelo apreço
àquilo que é “meu”.
Ter amor
as raízes, defender a terra natal e seu povo é lindo e digno. Mas, isso torna-se
em uma prática infame no momento em que for feito em detrimento de outrem. Ser
bairrista, é (ou deveria ser) antes de qualquer coisa, ser responsável, coerente, e o mínimo
justo, pois a linha entre o sensato e o sádico é tão tênue que às vezes a
rompemos e nem nos damos conta.
Pela
parte e pelo todo, percebemos que o bairrismo tem lá suas contribuições: primeiro, a
hegemonia dos ditos países ricos (bairristas) vem sendo, não quebrada, mas
acompanhada pelos demais que antes serviam de tapetes e hoje os encaram de
igual para igual. Os ricos d'antes sabem que não conseguirão manter-se a si mesmos indefinidamente, excluindo os demais; segundo, a separação fracassada que, dentre outras lições, serviu para unir ainda mais o gigantesco
Brasil – nossa bela Nação; e, terceiro, para entrarmos definitivamente no mundo-paralelo,
o bairrismo-miss'ológico do RS e MG, tem servido de incentivo aos demais estados
que ano após ano mostram-se mais dignos de competir nos certames nacionais.
Brasil - o país continental que abriga uma prole pacífica e unida pelo mesmo idioma, de norte a sul. Somos UNO e somos felizes assim.
Oscilando entre o bem e o mal, o bairrismo deixa suas marcas, as quais, nem todas mostram-se benéficas - como já enfatizado. Apesar de sermos racionais, nem sempre agimos fazendo o uso dessa dádiva que possuímos.
Hoje,
temos os bairros-miss'ológicos-brasileiros, em todo o Brasil. Regiões: Sul – RS;
Sudeste – MG; Centro Oeste – DF; Norte – AM; Nordeste – CE e BA. Claro que ainda falta muito, mas quem sabe não se consegue garimpar algo positivo nesse turbilhão de ideias antagônicas, flutuantes nesse ambiente bairrista.
Sejamos,
pois, bairristas com esmero e responsabilidade, com a certeza de que discutindo
e mesmo tirando faíscas e farpas, poderemos chegar a um ponto-comum que nem
imaginávamos ser possível.
Leia Também: http://bsbdocerrado.blogspot.com.br/2013/11/a-miscigenacao-ainda-clama-por-respeito.html
* mundo dos concursos de beleza.
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