O Lula disse em terras d’além-mar que 80%
do julgamento dos agora réus
e condenados no processo do mensalão foi político. De todas as bobagens que o digníssimo ex-presidente brasileiro já
mencionou essa, sem dúvida, vai entrar para os anais da história.
Declarações desse naipe somente revela a
falta de respeito do ilustre
ex-operário para com a Corte Suprema do Brasil, que frise-se, é um colegiado composto por onze ministros,
e alguns deles, indicados pelo próprio governo do PT enquanto “comandante” do
Executivo Nacional. Aí, é perceptível a
intenção arteira de confundir, especialmente aqueles que se encontrem aquém
da realidade. Tais insinuações ditas isoladamente e no afã da conveniência política
parecem querer desmoralizar as
instituições brasileiras, em especial o Poder Judiciário - um dos alicerces
da consolidada e jovem democracia brasileira.
No Brasil, todos têm consciência da lisura
com que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a famosa Ação Penal 470 - a mesma que
condenou os asseclas saqueadores dos cofres públicos. Saqueadores estes até pouco tempo ministros de Estado, políticos de
peso e empresários. Têm consciência, mesmo não tendo formação adequada que todos os recursos cabíveis aos ilustres
condenados no processo do Mensalão foram apreciados, concedidas as benesses
do Contraditório e da Ampla Defesa. Debatidos amplamente ao vivo, em rede nacional de televisão.
Também tem consciência o cidadão
brasileiro, que não é de
hoje que muitos radicais fincados no poder desejam, a qualquer custo perpetuarem-se
no domínio da máquina estatal. Esse lote
de “pensadores” não aceita, em nenhuma hipótese, a possibilidade de alternância
de poder. De tão radicais, vez ou outra, eles investem contra a
Constituição Federal – Carta Rígida e Cidadã – não passível de alteração ao sabor de caprichos isolados de um grupo
qualquer. O ilustre entrevistado jamais se manifestou claramente em defesa
de tais teses espúrias, frise-se, mas é fato que jamais absteve-se em encobrir malfeitos ou a sair em defesa dos
aloprados – termo também usado para qualificar bandidos de colarinho branco.
Dentre os muitos atos e fatos que os
patrícios d’além-mar não sabem (e talvez o ilustre entrevistado não mencionou ou fez questão que eles não
soubessem) é que, “pela primeira vez na história desse país”, o cidadão parou para assistir ao vivo os
embates no plenário do Supremo Tribunal Federal; pela primeira vez, termos
técnicos restritos ao meio jurídico tornou-se familiar ao cidadão comum; pela
primeira vez o leigo acompanhou a rotina
da Corte Suprema do Brasil e presenciou a absolvição de alguns e a condenação a justas penas a outros -
figurões que planavam presunçosos nos corredores palacianos.
Pela
primeira vez presenciou-se em detalhes a
rotina da mais alta Corte do Judiciário brasileiro – dádiva oriunda da
Publicidade escancarada de uma Democracia Plena – o que legitima ecoar aos
ventos que no Brasil existe um Tribunal Supremo, guardião da Constituição Federal e que tem feito valer as normas ali
dispostas para todos, independente do “status”
do agente; indiferente, inclusive, à reação insatisfeita esboçada pelos agentes corruptos ao perceberem que a Corte não
coadunara com ilícitos praticados.
Afirmar que apenas 20% (e não 100%) da
Ação Penal 470 foi justa
é superestimar o próprio ego e subestimar
a inteligência de uma Nação que há muito tempo deixou o estado de letargia
advindo do coma profundo que um dia a dominou.
Com um sorriso irônico é alvitre se afirmar: "nunca
antes na história desse País" tivemos um ex-presidente operário adepto de bordões falaciosos regados à desconexão
incomparável.