quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Miss Brasil é fogo de palha…

No Brasil, concursos de miss é fogo em palha seca untada a gasolina. E por que falamos isso? Ora, porque é exatamente assim que eles são apresentados a quem os acompanham. Logo, podemos levantar alguns pontos importantes: eventos de mídia passageira ou relâmpago; de baixa popularidade; de fisiologismo enrustido e muitos outros pontos passíveis de citação. Fiquemos apenas nestes.

Os misses do Brasil (e aqui referimo-nos aos eventos em si) são encarados, ano após ano, edição após edição como eventos isolados. São reduzidos a meros eventos de época, ou seja, passado o período específico de cada eleição vão-se as motivações e os interesses até então ressuscitados. É de uma transparência tão cristalina, que é impossível não se perceber o quão esfaceladas se apresentam tais organizações. Algumas mais, outras menos, mas todas deficitárias, tanto em relação às eleitas, quanto do ponto de vista da receptividade ao público.

A popularidade irrisória que tais eventos apresentam não diz respeito ao desapego popular. Na verdade, o que se percebe tem relação direta com uma divulgação precária; baixo ou nenhum comprometimento e ausência de continuidade de projetos sérios que venham agregar valores sólidos. Como vemos a omissão parte das organizações que não se organizam. As misses brasileiras eleitas, não raras vezes são reduzidas a meras candidatas ao Miss Universo. Percebam, não são candidatas a Miss Universo; tão somente ao Miss Universo, isto é, ao certame e não ao título. E citamos o miss Universo a título exemplificativo, uma vez que a essa máxima se adequam todos os segmentos miss’ológicos brasileiros.

Isso é tão notório que todos os anos os discursos se repetem. Algo como: “vamos eleger a miss Brasil (qualquer segmento) para participar do Miss Universo, world” e por aí vai. Frisemos: para participar, nunca ganhar. No entanto, as vezes eles discursam diferente: “o nosso concurso dá à “menina” o direito de representar o Brasil no Miss X ou Y”. Perceberam a diferença? Eu não.

E para não ficarmos adstritos apenas à política e às grandes corporações, o fisiologismo também conquistou seu espaço nesse mundo-paralelo. Teorias de conspirações à parte, também não é raro percebermos à olho nu uma ou outra candidata beneficiada nos certames, em detrimento das demais. Alguns até erguem suas bandeiras em justificativa, bradando que isso acontece em todos os países. Pode até acontecer, mas não no nosso. No Brasil, para variar, bem que poderia ser diferente. Não é.

Já houve tempo (e bem recente) em que a preferência por candidatas brasileiras ao Miss Universo, por exemplo, era disputada por apenas dois polos miss’ológicos. Tal prevalência ordinária vem perdendo força nos últimos dois anos, mas ainda é cedo demais para se cogitar qualquer vínculo de decência consolidada.

E assim continuamos a esperar. A esperar um calendário tempestivo; engajamento firme regado à respeito e apoio às candidatas e porque não, respeito ao público. Como percebemos são apontamentos relativamente simples, que ignorados sempre se apresentarão como "o monstro indomável".

Há! Deselitizar os eventos seria um passo gigantesco rumo à prudência e ao bom senso.

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