No Brasil, concursos de miss é fogo em palha seca untada a gasolina. E por que falamos isso? Ora, porque é exatamente assim que eles são apresentados a quem os
acompanham. Logo, podemos levantar alguns pontos importantes: eventos de mídia passageira ou
relâmpago; de baixa popularidade; de
fisiologismo enrustido e muitos outros
pontos passíveis de citação. Fiquemos apenas nestes.
Os misses do Brasil (e aqui referimo-nos
aos eventos em si) são
encarados, ano após ano, edição após edição como eventos isolados. São reduzidos a meros eventos de época,
ou seja, passado o período específico de cada eleição vão-se as motivações e os
interesses até então ressuscitados. É de
uma transparência tão cristalina, que é impossível não se perceber o quão
esfaceladas se apresentam tais organizações. Algumas mais, outras menos, mas todas deficitárias, tanto em relação às eleitas, quanto do ponto de
vista da receptividade ao público.
A popularidade irrisória que tais eventos
apresentam não diz
respeito ao desapego popular. Na verdade, o que se percebe tem relação direta com uma divulgação precária; baixo ou nenhum
comprometimento e ausência de
continuidade de projetos sérios que venham agregar valores sólidos. Como vemos a omissão parte das organizações que não se organizam. As
misses brasileiras eleitas, não raras vezes são reduzidas a meras candidatas ao
Miss Universo. Percebam, não são
candidatas a Miss Universo; tão somente ao Miss Universo, isto é, ao
certame e não ao título. E citamos o miss Universo a título
exemplificativo, uma vez que a essa máxima se
adequam todos os segmentos miss’ológicos brasileiros.
Isso é tão notório que todos os anos os
discursos se repetem.
Algo como: “vamos eleger a miss Brasil (qualquer segmento) para participar do Miss Universo, world” e por aí vai. Frisemos: para participar, nunca ganhar. No
entanto, as vezes eles discursam
diferente: “o nosso concurso dá à “menina” o direito de representar o Brasil no Miss X ou Y”. Perceberam a diferença? Eu
não.
E para não ficarmos adstritos apenas à
política e às grandes
corporações, o fisiologismo também conquistou seu espaço nesse mundo-paralelo.
Teorias de conspirações à parte, também
não é raro percebermos à olho nu uma ou outra candidata beneficiada nos
certames, em detrimento das demais. Alguns até erguem suas bandeiras em
justificativa, bradando que isso
acontece em todos os países. Pode até acontecer, mas não no nosso. No Brasil, para variar, bem que poderia ser
diferente. Não é.
Já houve tempo (e bem recente) em que a preferência por candidatas brasileiras ao Miss Universo,
por exemplo, era disputada por apenas dois polos miss’ológicos. Tal prevalência ordinária vem perdendo
força nos últimos dois anos, mas ainda é cedo demais para se cogitar
qualquer vínculo de decência consolidada.
E assim continuamos a esperar. A esperar um calendário tempestivo; engajamento firme regado à respeito e apoio
às candidatas e porque não, respeito ao público. Como percebemos são apontamentos
relativamente simples, que ignorados sempre
se apresentarão como "o monstro indomável".
Há! Deselitizar os eventos seria um passo
gigantesco rumo à prudência e ao bom senso.
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