“Que o país
está doente e o povão tá descontente” (sic). Há décadas os poetas populares cantam as tragédias brasileiras.
Qualquer pessoa diria que este verso acabara de ser escrito, de tão atual. Há décadas, também, presenciamos os mesmos
discursos ardilosos cujo único intuito é angariar benesses pessoais e enganar
um povo já saturado de tantas promessas vazias. E de tão vazias, essas promessas morfaram em mentiras,
enganação, ardil e desejo ilimitado pelo poder no sentido mais torpe da palavra.
“Fazemos o diabo” (sic) pelo voto do miserável, que continuará miserável, e também “fazemos o diabo” pelo apoio dos
demais abutres que buscam encher os bolsos em troca de apoio num Congresso
corrupto.
O Estado Brasileiro nunca foi tão roubado, tão sucateado, tão loteado como nos
últimos 12 anos. Claro que em todos os governos houveram desarranjos e saques da coisa pública. Todavia, tudo o que
se tem notícia, em pouco mais de 500 anos de história é brinquedo de criança
perto dos roubos aferidos hoje. Antes éramos piada; agora somos, comprovadamente, sinônimo de corrupção.
O mais bizarro nessa história toda é a característica
parasita que esses
saqueadores apresentam. Como verdadeiros vermes, eles proliferaram em todos os órgãos do Estado e deste sugam as forças
vitais para a satisfação própria e a de seus asseclas. Trazem arraigado em suas espúrias ações o lema que, pelo poder e em
nome deste, tudo é válido.
Dizem “eles” que os “malfeitos” – para gente de bem é roubo mesmo – estão
sendo descobertos porque “eles” mandaram a Polícia Federal investigar, como se esta fosse mais um objeto de manejo
da corja de ladrões que enganou e continua a enganar muitos brasileiros,
especialmente nas eleições de 2014. Sabemos
que tudo o que já foi descoberto até hoje e o que ainda será amanhã é fruto
de um trabalho primoroso de pessoas que são comprometidas com a ética e com a
justiça. São verdadeiros agentes
públicos que conquistaram o espaço profissional e notoriedade por méritos
próprios e não às custas de retórica mentirosa e populista ou obra de marketing político forjado, portanto
falso.
Ainda temos um longo caminho a percorrer
até o desfecho do atual
episódio que começou em um posto de gasolina e encontrou abrigo na mais
importante empresa brasileira. Até lá
serão aferidas muitas manobras para retardar ou mesmo atrapalhar o inevitável.
Os entes estratégicos mais importantes estão loteados àqueles que farão o diabo para salvar os companheiros ladrões. O
resultado disso é um escândalo atrás do outro, com direito a interferência política,
onde cargos importantes são utilizados
descaradamente para arquitetar manobras gatunas.
Por muitos anos a sociedade brasileira
permaneceu complacente, encarando
a realidade como prenúncio de um amanhã melhor. Imbuída nesse pensamento
passaram os anos, as décadas e, finalmente, chegamos a um presente onde não mais é possível olhar e aguardar, ao acaso,
o amanhã mais promissor. Muitas pessoas já entenderam, outras muitas estão
em viés de entender que a verdadeira
mudança somente ocorrerá pela força de ação de um povo ferido. Muitos já
entenderam, sim, que se continuarmos em
estado de inanição as poesias dos poetas populares continuarão a ecoar e
jamais farão parte do passado, o tempo onde deveriam permanecer.
O Brasil doente fora cantado em passado
distante e continua em
estado terminal. Frisemos que para tais versos não nos acompanharem através dos
anos é necessário mostrarmos a
insatisfação e cobrarmos com veemência ações eficazes mesmo dispondo de pouquíssimos
representantes idôneos. O acalanto é que o
povo é o melhor representante de si mesmo.
Diante dos últimos acontecimentos, bem como da atitude e ação dos agentes
da ética podemos ao menos sonhar com um
futuro onde os versos do presente fiquem, definitivamente, no passado.