sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Meu Brasil brasileiro...

“Que o país está doente e o povão tá descontente” (sic). Há décadas os poetas populares cantam as tragédias brasileiras. Qualquer pessoa diria que este verso acabara de ser escrito, de tão atual. Há décadas, também, presenciamos os mesmos discursos ardilosos cujo único intuito é angariar benesses pessoais e enganar um povo já saturado de tantas promessas vazias. E de tão vazias, essas promessas morfaram em mentiras, enganação, ardil e desejo ilimitado pelo poder no sentido mais torpe da palavra. “Fazemos o diabo” (sic) pelo voto do miserável, que continuará miserável, e também “fazemos o diabo” pelo apoio dos demais abutres que buscam encher os bolsos em troca de apoio num Congresso corrupto.

O Estado Brasileiro nunca foi tão roubado, tão sucateado, tão loteado como nos últimos 12 anos. Claro que em todos os governos houveram desarranjos e saques da coisa pública. Todavia, tudo o que se tem notícia, em pouco mais de 500 anos de história é brinquedo de criança perto dos roubos aferidos hoje. Antes éramos piada; agora somos, comprovadamente, sinônimo de corrupção.

O mais bizarro nessa história toda é a característica parasita que esses saqueadores apresentam. Como verdadeiros vermes, eles proliferaram em todos os órgãos do Estado e deste sugam as forças vitais para a satisfação própria e a de seus asseclas. Trazem arraigado em suas espúrias ações o lema que, pelo poder e em nome deste, tudo é válido.

Dizem “eles” que os “malfeitos” – para gente de bem é roubo mesmo – estão sendo descobertos porque “eles” mandaram a Polícia Federal investigar, como se esta fosse mais um objeto de manejo da corja de ladrões que enganou e continua a enganar muitos brasileiros, especialmente nas eleições de 2014. Sabemos que tudo o que já foi descoberto até hoje e o que ainda será amanhã é fruto de um trabalho primoroso de pessoas que são comprometidas com a ética e com a justiça. São verdadeiros agentes públicos que conquistaram o espaço profissional e notoriedade por méritos próprios e não às custas de retórica mentirosa e populista ou obra de marketing político forjado, portanto falso.

Ainda temos um longo caminho a percorrer até o desfecho do atual episódio que começou em um posto de gasolina e encontrou abrigo na mais importante empresa brasileira. Até lá serão aferidas muitas manobras para retardar ou mesmo atrapalhar o inevitável. Os entes estratégicos mais importantes estão loteados àqueles que farão o diabo para salvar os companheiros ladrões. O resultado disso é um escândalo atrás do outro, com direito a interferência política, onde cargos importantes são utilizados descaradamente para arquitetar manobras gatunas.

Por muitos anos a sociedade brasileira permaneceu complacente, encarando a realidade como prenúncio de um amanhã melhor. Imbuída nesse pensamento passaram os anos, as décadas e, finalmente, chegamos a um presente onde não mais é possível olhar e aguardar, ao acaso, o amanhã mais promissor. Muitas pessoas já entenderam, outras muitas estão em viés de entender que a verdadeira mudança somente ocorrerá pela força de ação de um povo ferido. Muitos já entenderam, sim, que se continuarmos em estado de inanição as poesias dos poetas populares continuarão a ecoar e jamais farão parte do passado, o tempo onde deveriam permanecer.

O Brasil doente fora cantado em passado distante e continua em estado terminal. Frisemos que para tais versos não nos acompanharem através dos anos é necessário mostrarmos a insatisfação e cobrarmos com veemência ações eficazes mesmo dispondo de pouquíssimos representantes idôneos. O acalanto é que o povo é o melhor representante de si mesmo.

Diante dos últimos acontecimentos, bem como da atitude e ação dos agentes da ética podemos ao menos sonhar com um futuro onde os versos do presente fiquem, definitivamente, no passado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário