terça-feira, 2 de abril de 2013

A Venezuela faz escola, mas a escola é (mais) para venezuelana

Sabe qual é a grande diferença entre uma miss brasileira e uma venezuelana? É que as venezuelanas são preparadas em tempo... só isso. (só isso?). Texto original (com adaptações) de um comercial antigaço da Samello que dizia mais ou menos assim: “sabe a diferença entre um Dockside Samello dos “americanos”? É que os “americanos” pagam em dollar... só isso”.

Atual miss Venezuela - convencional
Buscar uma versão própria dos fatos com base na realidade é sempre bom. Quando se busca as egressas ao certame nacional venezuelano (ou mesmo os estaduais) nos deparamos com um “batalhão” de mulheres “bonitas”. E temos consciência também que a grande maioria não seriam percebidas não fossem os "trato" que são dispensados a elas.

Aí vêm os questionamentos do tipo: serão as de lá mais belas do que as de outros países, posto que sempre ou quase sempre ganham? É piegas e imprópria responder questionamentos desse gênero com uma afirmação integralmente favorável, mas há quem defenda isso mesmo de pés juntos, ou seja, morto.

Aqueles que olham com mais cautela percebem que muitas (ou todas) carregam traços semelhantes, mormente na face. E não se trata de cirurgias (apenas). Parece haver um padrão escolástico que as treinam e as tornam mais “olháveis” e, por conseguinte, mais competitivas. O segredo? Acredito que ele não exista. Existe sim uma cultura preparatória em desenvolver o melhor competidor. Neste caso, competidora e o fazem com esmero.

No Brasil isso é feito e muito bem... no futebol. Quantas escolas de miss alguém conhece no Brasil? Dessas que começam a treinar desde muito cedo? Nenhuma, imagino. E nem ousemos pensar que elas existam para misses adultas. Já, nas escolinhas de futebol se esbarra em uma em cada escola ou clube, centro comunitário e semelhantes.

Evidentemente que cada país ou mesmo estado de uma federação tem lá suas tradições. Pontos altos e baixos e os dois exemplos acima são apenas a título de ilustração. Claro, são realidades distintas.

Atual miss Venezuela - já em aspecto de competição
Na Venezuela, nascendo feia ou bonita, a menina sonha ser miss e tem respaldo para isso; no Brasil se nasce para jogar futebol e há respaldo para isso.

Então, da mesma forma que não podemos afirmar que no Brasil há os melhores jogadores do mundo pelo fato de termos cinco títulos mundial, não é plausível, e muito menos, coerente afirmar que na Venezuela há as mulheres mais belas, por elas lograrem títulos e mais títulos internacionais.

Ser belo, para competir, não basta nascer bonito fisicamente. Assim como para ser um grande jogador de futebol não basta nascer no Brasil. Ser belo para competir requer além do “olhável” - preparação e empenho para sê-lo. E isso, no mundo das misses, o Brasil ainda não descobriu.

Dois casos recentes – 2008 e 2009 – quando duas venezuelanas revezaram a coroa e a faixa de Miss Universo, muito cogitou-se em “marmelada”. Mas basto ver e rever os vídeos do certame com calma e atenção para se perceber que ambas, em seus anos foram, de longe, as melhores.  E cá entre nós, nem Dayana, nem Stefanía (a Magnífica) têm rostos belíssimos. Entretanto, aquele belo mediano que ostentam, trabalhados com precisão na medida certa, tornou-se um complemento importante para que chegassem onde chegaram.

Irlanda 2010 - a bela que se DESconstruiu na Venezuela
E não adianta muitos saírem tresloucados em busca de preparadores na Venezuela para ajudar suas candidatas a vencer. Em certos aspectos até pode ser positivo, mas a fórmula venezuelana só funciona com venezuelana.

Demasiado triste é ver uma moça de outra nacionalidade tentando se apresentar numa preparação equivocada. Embutida numa cópia venezuelana mal arranjada. A candidata irlandesa em 2010 foi um fiasco total, assim como a brasileira-mundo-2011. Ambas perderam toda e qualquer identidade com seus países de origem. E ainda vacilam aqueles que pensam que os julgadores e os donos de concursos não percebem esses despautérios.

Os venezuelanos são especialmente criticados pelas intervenções cirúrgicas que patrocinam. Pode-se até reprovar tais atitudes, mas a imprudência é ato certeiro de quem os condenam sumariamente.

Não configura pecado mortal, uma vez conscientes de que a beleza nem sempre é transmitida pelos genes, se realizar "reformas"; nada mais plausível e sensato do que buscar maneiras de alcançá-la. Nessa seara há aqueles que conseguem com profissionalismo competente, e existem aqueles que apostam apenas no poder-dos-genes e esquecem que ser miss é ser um atleta de palco e requer preparo com tempo e investimento.

Aprender a passar lápis nos olhos por intercâmbio e pregar a paz mundial, já caiu por terra há muito tempo. O dever de casa deve ser feito em casa, e isso inclui passar o lápis. Se não se consegue fazê-lo bem feito em casa, não será na casa do vizinho que o fará melhor.

miss Mundo Brasil 2012 - a exceção
Temos ainda, a exceção: Mariana Notarângelo foi "desmissilizar-se" na Venezuela para competir no miss World 2012 e voltou da China com um honroso quinto lugar e primeira da América.

Mas convenhamos, a miss Mundo Brasil 2012, tem méritos próprios; é colecionadora de títulos de longas datas, daí não se pode atribuir, nem de longe, seu desempenho satisfatório ao "tour" que fez no país bolivariano.

Diante de tudo isso e muito mais (dissabores) presenciados ano após ano, sinceramente, é impossível afirmar que a velha luz-no-fim-do-túnel, no Brasil, fora acesa e, ao que tudo indica, não será.

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