sexta-feira, 5 de abril de 2013

A política como ciência e política como politicagem.



A política é um mal necessário; alguns políticos é que são dispensáveis. Mas, como fazer política sem políticos? Somos tentados a crer que o grande problema está no fazer a política; política da boa vizinhança ou a política visando o individual em detrimento da sociedade.

A Ciência Política é altamente benéfica. Ensina, instrui, norteia, fortalece as instituições e preserva a democracia se interpretada por mentes sóbrias sob sensata condução. Os malefícios emergem nos atos deturpadores dos agentes políticos, estejam eles em qualquer segmento.

Não faz muito tempo um “nobre” deputado, eleito pelo Distrito Federal, ganhou certa notoriedade midiática por tornar público o ato de renúncia da famosa verba de gabinete – aquela que recentemente eles aumentaram para quase 39 mil reais mensais.

Folguemos em felicitá-lo, naquela feita e agora, pela atitude tão nobre quanto o próprio acredita ser. Tamanha benevolência fora disseminada exaustivamente nos veículos de comunicação. E foi algo incrivelmente belo de se ler – frise-se, ler.
Ambas as casas do Congresso são presididas por parlamentares réus em processo judicial.
Havemos de não alimentar dúvidas sobre a digna conduta, mas, infelizmente nossa política esteve e está cancerosa e os tumores são seus condutores - em português claro - os políticos, na grande maioria, inescrupulosos e de caráter obscuro. É até plausível se acreditar que passos, ainda que mancos, tenham sido e sejam dados rumo a uma provável cura dessa doença degenerativa que é a corrupção e má-fé política, todavia, pelo histórico e pela composição do nosso Parlamento, e ainda, por ser o câncer uma mal raramente curável, é pouco provável que ações isoladas farão do Congresso Nacional a Casa decente que deveria ser.

A população em relativa apatia, talvez ignorância, limita-se a ser, ao longo de 500 anos de história, o reflexo distorcido do elenco, também disforme, que compõe as duas Casas. Não é prudente se alimentar um sentimento cético, no entanto à realidade é necessário atribuir seu quinhão de realismo. O oásis existe na cabeça dos manipuláveis e nas benesses dos escolhidos que saciam a sede de poder no interior dos palácios e parlamentos.

Nesses dias dão-se mais notoriedade à duas mulheres que se beijam; o abraço de um casal gay provoca mais ojeriza do que o Senado Federal ser presidido por um cidadão de reputação inidônea. Isso reiteradas vezes. Padecemos numa cultura de valores invertidos, onde a desonestidade não mais causa vergonha.
Que o inocente animal nos perdoe.
2014 se aproxima à todo vapor e aqueles austeros políticos de um passado nem tão distante, já começaram a emergir e com eles as boas-ações-praticadas. Apelos já são veiculados em rádio e tv à rememorar aquelas mentes votantes que porventura tenham esquecido os atos benevolentes. O ato impregnado da sordidez que a maioria não viu no passado, agora ressurge para cobrar nas urnas o sacrifício, por abrir mão daquela preciosa verba.

Sadias virtudes só quem as têm sabe que tem. Não nos cabe julgá-las, da mesma forma que não é aconselhável o estado permanente de inanição.

Imbuídos na perspectiva de que a Ciência Política venha um dia fazer parte da rotina da política brasileira, esperamos que aqueles nobres atos individuais tornem-se práticas corriqueiras. Por hora, ainda não é a realidade constatada.

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