terça-feira, 7 de maio de 2013

A temida síndrome do Avestruz faz sucumbir a mais bela das misses.


O mundo-paralelo é cheio de nuances. No Brasil, é um mundo tão pequenino e mesmo assim ainda alimenta inúmeros seres de suas controvérsias, afinidades e incoerências. Devemos crer que todos “os mundos” sejam carregados de tais nuances, mormente se neles pairar o culto a subjetividade, nesse caso, a beleza.

Não é incomum depararmos com adeptos ou defensores de determinadas vertentes da beleza, que acreditam piamente, que o ser belo, por si só, já é o bastante para uma mulher ser miss. Logo, as demais qualidades são secundárias ou pior, para os mais radicais, qualquer qualidade depois da beleza é supérflua. É nesse ponto que reina o perigo fruto da cegueira neutralizante, a qual faz com que nos tornemos reféns de tais pensamentos equivocados, para dizer o mínimo. No mundo-da-beleza, o ser belo é sim a grande das grandes virtudes, mas no mundo dos concursos de beleza esta, por si só, não nos manterá em segurança por muito tempo.

Jamais devemos esquecer que concurso é competição, ponto. Por isso é denominado assim “concurso”, “certame". E enganam-se aqueles que imaginam um passado diferente. Concurso de beleza sempre foi competição e sempre será e em sendo assim, nem sempre irá vencer aquela competidora que arrebata os olhares por ser extremamente bela, se essa não for bela também em outras virtudes.

No Brasil ainda padecemos desse grande mal de “achismo”. A maioria dos compatriotas não conseguem entender como é possível, todos os anos, enviarmos candidatas belas e a resposta em eco materializar a derrota em tom uníssono. Uma das explicações a esse tipo de dúvida está exposta nas linhas que acabamos de escrever, mas reforça-se: a virtude da beleza, apenas, não garante vitória a uma aspirante a título internacional.

Uma miss, na condição de personalidade formadora de opinião que é, tem que saber levar adiante a mensagem das causas de engajamento. Nessa seara, é imprescindível que saiba transmitir tais pensamentos por meio da palavra falada; é primordial que saiba cativar o interesse do ouvinte enquanto estiver em ação. Em suma, a miss completa é aquela que consegue por gestos, ações e palavras angariar para junto de si a atenção incondicional da plateia ouvinte. Isso é ter carisma e este é inato à pessoa, mas o ato da comunicação se aperfeiçoa, se treina, se estuda, se aprende. E para se alcançar tais façanhas, há uma jornada imensurável que requer interesse, tempo, disciplina, paciência, comprometimento e muito estudo.

Ser uma miss de verdade requer muito mais que isso. Já, ser miss no Brasil, na concepção de muitos, exige apenas ter altura superior a 1,78m, um rosto devidamente maquiado, para se apresentar “sempre maquiado”... e alguns outros apetrechos pendurados num arranjo customizado – vulgo, vestido de madrinha de casamento. É mais ou menos assim que uma miss deve ser segundo algumas mentes retrógradas – claro que na vida real a cena é bem mais grotesca. E finalmente, soma-se a tudo isso, uma preparação zero.

Logo, voltamos à síndrome do avestruz, que apontamos como um dos maiores vilões no mundo-miss brasileiro. Expliquemos (de novo): todos sabemos da “falácia” de que o avestruz ao sentir-se ameaçado enfia a cabeça pequenina num fosso e deixa o corpão à mostra sem importar com o que possa lhe acontecer... - ora, pois, não está vendo, logo está à salvo. Santa ingenuidade!

Pois bem, voltemos aqui. As nossas pouco preparadas aspirantes padecem dessa síndrome (às vezes). Percebemos donas belíssimas e que passam uma energia inigualável (ou igualável às melhores) isso até chegar ao ápice da competição principal... qual seja – a temida entrevista final – o calcanhar de aquiles das brasucas. É nesse momento que se presencia uma corrida desenfreada em busca do famigerado buraco-do-avestruz-para-enfiar-a-cabeça. Só que agora, não adianta mais – a derrota será o prêmio.

Aquele que tem dificuldade de se expressar e, pior ainda, que não se comprometeu a estudar e treinar, não logrará êxito, jamais, numa competência onde um dos prerrequisitos principais é o domínio, ainda que razoável, da comunicação oral, expressiva e convincente.

Resta claro que a atitude some; a aspirante retraí-se e na ausência do buraco-do-avestruz (uma vez que no palco não terá um disponível) tentam esconder o rosto contraindo o pescoço ao máximo no intuito, em vão, de não serem percebidas. Na maioria da vezes é isso o que transmitem - medo.

E isso se aplica às candidatas em qualquer concurso, seja ele municipal, estadual, nacional ou internacional. Quem não se prepara não ganha e os exemplos reinam latentes, todos os anos.

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