quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

MUB/15 - Olhar para trás não é pecado se determinarmos o foco

Muitas vezes paramos para pensar como uma jovem do naipe da miss São Paulo perde, ou simplesmente não ganha um título nacional. Daí vem as polêmicas, as suposições, os achismos e teorias conspiratórias. Falamos da miss São Paulo apenas para ilustrar e porque a sua derrota ou a vitória da miss Ceará, ainda não dissipou no imaginário de alguns amantes dos concursos de beleza. Fatos assim acontecem ano após ano e no mundo inteiro, e tal como a morte, ninguém, ou a maioria, jamais se acostuma.

Bom, vamos à algumas hipóteses:
1) a primeira teoria que vem a mente, especialmente dos fanáticos (e aqui não fazemos referência pejorativa do termo), é que o título fora comprado; se a vencedora é (for) a “dona da casa” então, pior ainda. Foi comprado para compensar os gastos – como se um título compensasse as despesas de um certame do porte do Miss (Universo) Brasil, por exemplo. É possível? Claro que é. No entanto, a maioria das vezes são apenas teorias.

Em 2011 muito se cogitou, outros até garantiam em juramento sobre a Bíblia, que o título de miss Universo seria “dado” à Priscila Machado, porque o Miss Universe Organisation estaria de olho na divulgação da marca com o advento da Copa do Mundo da FIFA. A brasileira ficou em terceiro lugar, logo, a teoria oscilou. Agora, um terceiro lugar seria prêmio de consolação para compensar as despesas e os supostos prejuízos causados a Band com a realização do evento em São Paulo.

Aí indagamos: um terceiro lugar ou mesmo um título universal seria tão rentável ao ponto de compensar as despesas milionárias de semelhante show? Sabemos que não. Não mesmo.

No caso do Miss (universo) Brasil 2014, logo após a vitória da cearense em Fortaleza, teorias foram publicadas, datas de postagens foram alteradas com as previsão ordinárias de que, não só o título teria sido comprado pelo Governo do Estado. Muitos tremiam nas bases ao perceber o comprometimento da miss Brasil, em Doral. Eis uma das razões da teoria da compra. Lá no fundo, imaginavam que sim, ela poderia vencer e temiam; e caso vencesse, não seria por mérito, visto que as falácias já haviam sido disseminadas. Assim, pelo sim, pelo não, o Miss Universo, também, já seria uma aquisição do Estado do Ceará, que sediaria o certame internacional já em 2015. Essa teria sido a condição acertada: um título por um evento. Imaginemos se a miss Brasil 2014 lograsse o êxito total em Miami. Tais argumentos fajutos ganhariam força e perduraria na história. Porto Rico 2001 que o diga.

É desolador constatar a criatividade doentia da mente humana. E olha que estamos a falar de reles concursos de beleza, algo que 99% dos brasileiros nem sabe que existe.

2) outra hipótese seria culpa exclusivamente da mãe-das-provas – a entrevista final. Mas a ela, poucos prestam atenção, mormente no calor da revolta. Tomemos, novamente como base o Miss (Universo) Brasil 2014. A vencedora não apresentou uma argumentação tão elaborada, mas foi a que mais se aproximou da integralidade de conteúdo. A segunda colocada, a miss São Paulo, também saiu-se bem. No entanto pecou na entonação de voz e o pior, impôs muita pessoalidade à argumentação. Em algum momento do discurso ela posiciona a si mesma como um exemplo a ser seguido, quando indica um livro e conclama o público a lê-lo também. Erros desse tipo são difíceis de serem percebidos. Mas são, especialmente quando se observa o evento pelo viés do olhar (mais) técnico. Naquele momento da entrevista consideramos que ocorrera o segundo tremor no caminho da miss São Paulo rumo ao primeiro lugar.

O segundo tremor? Isso quer dizer tivemos o primeiro? Claro. Trata-se da terceira hipótese.

3) uma terceira hipótese seria a demonstração de vontade verdadeira para vencer. Passar essa vontade. Exalar ao público a cada aparição. Alguns denominam atitude; outros afetação; forçar a barra; atitude “fake”; pegada forte; presença de palco. Pessoalmente, preferimos denominar força de vontade, seja forçada ou natural. A forçada e perceptível à olho nu é descartada; a natural sempre conduz ao topo. A escolha é sempre (ou pelo menos deveria ser) da candidata.

À miss São Paulo faltaram as duas. O esforço para parecer natural fora tamanho que terminou por descambar por um caminho de desinteresse. No máximo um interesse inanido. Assim, passara a transmitir, não interesse, firmeza ou vontade, mas cansaço. E o desfecho foi o mais improvável possível. Quem fora pequeno cresceu e o grande definhou.

E haja teoria!

Dessas histórias, se olharmos com calibrada atenção é possível filtrar muitas nuances benéficas, especialmente às aspirantes à miss. Em tempo de preparação, inscrição e empenho, onde as disputas começam a nascer é muito importante tomarmos como lição de casa o aperfeiçoamento dos acertos, bem como a correção de erros tão sutis que os tornam verdadeiras armadilhas.

Não tratamos de regras, por óbvio. Não há argumentos absolutos. Entretanto, acreditamos que cometer um mesmo erro duas vezes é possível e pode o ato ter sido o verdadeiro propósito; ou quem sabe, por indução proposital de outrem; ou ainda, por displicência, imaturidade e até mesmo pela ausência de assessoramento adequado. Este sim, o deslize dos deslizes.

No mais, aguardemos 2015 com a certeza de que vislumbraremos muitos acertos e novos equívocos, no entanto, os velhos e “bons” erros do passado, como todos os anos, marcarão presença vip no mundo-paralelo-dos-concursos.

Mas, extintas as imperfeições, qual a intensidade da força de atração exerceria esse mundo sobre nós?

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