Muitas vezes paramos para pensar como uma
jovem do naipe da miss
São Paulo perde, ou simplesmente não ganha um título nacional. Daí vem as polêmicas, as suposições, os
achismos e teorias conspiratórias. Falamos da miss São Paulo apenas para
ilustrar e porque a sua derrota ou a
vitória da miss Ceará, ainda não dissipou no imaginário de alguns amantes dos
concursos de beleza. Fatos assim acontecem ano após ano e no mundo inteiro, e tal como a morte, ninguém, ou a maioria,
jamais se acostuma.
Bom, vamos à algumas hipóteses:
1) a primeira teoria que vem a mente, especialmente dos fanáticos (e aqui não
fazemos referência pejorativa do termo), é que o título fora comprado; se a vencedora é (for) a “dona da casa” então,
pior ainda. Foi comprado para compensar os gastos – como se um título compensasse as despesas de um certame do porte do
Miss (Universo) Brasil, por exemplo. É
possível? Claro que é. No entanto, a maioria das vezes são apenas teorias.
Em 2011 muito se cogitou, outros até
garantiam em juramento sobre a Bíblia, que o título de miss Universo seria “dado” à Priscila Machado, porque o
Miss Universe Organisation estaria de
olho na divulgação da marca com o advento da Copa do Mundo da FIFA. A
brasileira ficou em terceiro lugar, logo, a teoria oscilou. Agora, um terceiro
lugar seria prêmio de consolação para compensar
as despesas e os supostos prejuízos causados a Band com a realização do
evento em São Paulo.
Aí
indagamos: um terceiro lugar ou mesmo um
título universal seria tão rentável ao ponto de compensar as despesas
milionárias de semelhante show? Sabemos
que não. Não mesmo.
No caso do Miss (universo) Brasil 2014,
logo após a vitória da cearense em Fortaleza, teorias foram publicadas, datas de postagens foram alteradas
com as previsão ordinárias de que, não
só o título teria sido comprado pelo Governo do Estado. Muitos tremiam nas bases ao perceber o comprometimento da miss Brasil, em Doral. Eis uma das razões da teoria da compra. Lá no fundo, imaginavam que sim, ela poderia vencer e temiam; e caso vencesse, não seria por mérito, visto que as falácias já haviam sido disseminadas. Assim, pelo sim, pelo não, o Miss Universo, também, já seria uma aquisição do Estado do Ceará, que sediaria o certame internacional já em
2015. Essa teria sido a condição acertada: um título por um evento. Imaginemos se a miss Brasil 2014 lograsse o
êxito total em Miami. Tais argumentos
fajutos ganhariam força e perduraria na história. Porto Rico 2001 que o diga.
É desolador constatar a criatividade doentia
da mente humana. E olha
que estamos a falar de reles concursos de beleza, algo que 99% dos brasileiros nem sabe que existe.
2) outra
hipótese seria culpa exclusivamente da
mãe-das-provas – a entrevista final. Mas a ela, poucos prestam atenção,
mormente no calor da revolta. Tomemos,
novamente como base o Miss (Universo) Brasil 2014. A vencedora não apresentou uma argumentação tão
elaborada, mas foi a que mais se aproximou da integralidade de conteúdo. A
segunda colocada, a miss São Paulo, também saiu-se bem. No entanto pecou na entonação de voz e o pior, impôs muita
pessoalidade à argumentação. Em algum momento do discurso ela posiciona a si mesma como um exemplo a ser
seguido, quando indica um livro e conclama o público a lê-lo também. Erros desse tipo são difíceis de serem
percebidos. Mas são, especialmente quando se observa o evento pelo viés do
olhar (mais) técnico. Naquele momento da entrevista consideramos que ocorrera o segundo tremor no caminho da miss São Paulo
rumo ao primeiro lugar.
O
segundo tremor? Isso quer dizer tivemos
o primeiro? Claro. Trata-se da terceira hipótese.
3) uma
terceira hipótese seria a demonstração
de vontade verdadeira para vencer. Passar essa vontade. Exalar ao público a
cada aparição. Alguns denominam atitude;
outros afetação; forçar a barra; atitude “fake”; pegada forte; presença de
palco. Pessoalmente, preferimos denominar
força de vontade, seja forçada ou natural. A forçada e perceptível à olho nu é descartada; a natural sempre
conduz ao topo. A escolha é sempre (ou pelo menos deveria ser) da candidata.
À miss São Paulo faltaram as duas. O esforço para parecer natural fora
tamanho que terminou por descambar por um caminho de desinteresse. No máximo um interesse inanido. Assim,
passara a transmitir, não interesse,
firmeza ou vontade, mas cansaço. E o desfecho foi o mais improvável
possível. Quem fora pequeno cresceu e o
grande definhou.
E haja
teoria!
Dessas
histórias, se olharmos com calibrada
atenção é possível filtrar muitas nuances benéficas, especialmente às
aspirantes à miss. Em tempo de
preparação, inscrição e empenho, onde as disputas começam a nascer é muito importante tomarmos como lição de
casa o aperfeiçoamento dos acertos, bem como a correção de erros tão sutis que os tornam verdadeiras armadilhas.
Não tratamos de regras, por óbvio. Não há argumentos absolutos. Entretanto,
acreditamos que cometer um mesmo erro duas
vezes é possível e pode o ato ter sido o verdadeiro propósito; ou quem sabe,
por indução proposital de outrem; ou ainda, por displicência, imaturidade e até mesmo pela ausência de
assessoramento adequado. Este sim, o
deslize dos deslizes.
No mais, aguardemos 2015 com a certeza de que
vislumbraremos muitos acertos e novos
equívocos, no entanto, os velhos e “bons” erros do passado, como todos os anos,
marcarão presença vip no
mundo-paralelo-dos-concursos.
Mas, extintas as imperfeições, qual
a intensidade da força de atração exerceria
esse mundo sobre nós?
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