sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

MUB – o carisma no mundo e no mundo-paralelo

Carisma. Tal virtude é inata, não se ensina nem se aprende, mas se aperfeiçoa. Ser carismático como tudo no mundo, tem duas faces bem latentes. Isso não quer dizer que existam apenas duas.

Os carismáticos, por sua natureza chamam para si todas as atenções. Em grupos de pessoas todos os querem como membro; todos querem ouvi-los ou mesmo vê-los, concordando ou não com o que dizem. Alguns ouvem por admiração, outros por odiá-los; por não suportar a ideia de um magnetismo tão natural fluir de alguém e angariar tanta atenção.

Eis aí as duas faces do carisma. O amor e o ódio. Enquanto uns ouvem, acompanham ou olham por amor, admiração e respeito, o porta-voz do carisma – o carismático; outros, ainda que a contragosto fazem o mesmo, mas por despeito, rancor, inveja ou pelo próprio ódio cultuado. Percebemos que os carismáticos retém para si a atenção ainda que o sentimento que a faz nascer não seja, necessariamente, benigno.

Zero em nobreza, logo...
O carisma é, por assim dizer, uma nobre virtude. Como tudo, ou quase tudo, pode ser ou é distorcido. Com ele não seria diferente. Os porta-vozes, especialmente os mais notáveis, quando perceberam (percebem) a si mesmos detentores dessa dádiva, não raras vezes, a utilizaram (utilizam) sorrateiramente.

O carisma limpo, benigno ainda é aquele cujos porta-vozes – os carismáticos – o faz brotar sem interesses escusos. Na contramão, a história nos mostra que o carisma pode aflorar sob aspecto perigoso e truculento. Isso ocorre quando se intenta fundi-lo ou confundi-lo com o poder, especialmente o poder do Estado. Hitler, Mussolini, Getúlio, Kennedy, Mandela e tantas outras personalidades da política detinham alto índice de magnetismo-prático. A atividade fim é, portanto, diferente. Ela dança conforme o intuito, a ganância do vetor do carisma.

Aqui, novamente é necessário reforçarmos uma diferenciação. Devemos pontuar, primeiro, ser carismático, retendo para si todo um aparato Estatal, cuja finalidade é falar às multidões e convencê-las a mantê-lo no topo, dominando pelo poder político e financeiro, conjugados à persuasão; e segundo, o carismático, sendo apenas um destaque naquilo em que atua, em determinada área. Nesses dois casos, ambos terão o mesmo índice de carisma, uma vez que não é possível ser meio carismático - carisma, ou se tem ou não se tem. Mas, reparem que somente um tem as condições reais de falar às multidões, embora ambos sejam carismáticos.

10  em carisma, logo...
Nesse sentido é importante mensurarmos o contexto em que está inserida a personalidade de quem se fala. E aqui, adentramos ao mundo-paralelo1. Em 2014, o Brasil elegeu sua Miss e candidata ao Miss Universo. A jovem cearense, de apenas 20 anos traz, arraigadas em si, características que saltam aos olhos e chegam ao público sob a denominação mais clara de carisma. Com singela simplicidade transmite mensagens; os gestos e a maneira como os expressa transborda em simpatia e agrada o público e, novamente, provoca dissenso, pelo motivo contrário ao amor, à simpatia, que desperta naquele público que não admite tal virtude. Não admite mas sabe, como os demais, que o carisma reside ali. Frisemos que isso é válido e perfeitamente passível de acontecer.

Seria, pois uma miss Brasil capaz de falar às multidões? A resposta é sim e não. Importa dizer que o falar às multidões não pressupõe carisma, apenas. Atrás deste deve prevalecer uma enorme força, quer seja política, quer seja financeira. O poder faz qualquer um ascender às multidões. No entanto, somente o poder o manterá lá. Já o carismático de fato, falará as multidões em qualquer tempo, mas, não detendo o poder político ou econômico, a possibilidade de tal fato ocorrer é praticamente nula – o que não o torna menos competente. Subindo ao poder o carismático, apenas pela virtude do carisma e exercendo-o para o bem, ainda que o poder político-financeiro o rechace, a chance de permanência no topo é mais viável e factível.

Trata-se de ambientes distintos e possibilidades distintas.

Em suma, o carismático é mais persuasivo quando age em nome do poder e para o poder absoluto, pois dispõe de todas as formas disponíveis e possíveis para se fazer ouvir. Enquanto o carismático por si só, dispondo apenas da virtude inata, desprovido do aparato midiático, financeiro e assemelhados continuará sendo carismático, embora falando à multidões sob a forma de um grupo reduzido, não menos importante.

A Miss Brasil 2014, seguramente, deve ser enquadrada no segundo grupo dos virtuosos.
1. mundo dos concursos de beleza.

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