segunda-feira, 30 de novembro de 2015

MUB/15 – o Miss Universo 2015 será a prova-dos-nove do Miss Brasil

No Brasil há consciência generalizada de que concursos de beleza é fato consumado; é matéria do século passado, portanto, esquecido. No Brasil, a ideia que se faz dos certames de beleza e, consequentemente, de uma miss é um tanto depreciativa, preconceituosa ou mesmo irrelevante. No Brasil, nesse último quinquênio, dado os acertos miraculosos, essa noção de futilidade, felizmente, tem sofrido retração.

Seguindo os anais da história dos concursos tupiniquins é bem perceptivo o grau de importância que os certames dessa natureza tinham no imaginário das pessoas. O alcance jamais fora unânime como ainda é o futebol, mas gazava de um posto privilegiado na atenção do público. Passaram-se os anos, décadas e o brasileiro perdeu o interesse pelas belas jovens e suas curvas a desfilar para plateias cativas. Não por outro motivo, que não o abandono dos antigos meios midiáticos e posterior aquisição dos direitos dos concursos por organismos que jamais primaram pelo sucesso do evento. É uma percepção fática, basta buscar o naipe de algumas “soberanas” eleitas.

Pergunte ao brasileiro: Nome de uma miss? Martha Rocha; Mais uma? Vera Fischer. Outra: tem outra?
O Miss Brasil passou então a viver do passado, rememorado na mente daqueles que tiveram a chance de apreciá-lo nos chamados “anos de ouro”. Idos das décadas de 1950, 60 e até 70. A partir de então, começava a caminhada cambaleante, que viria resultar nos muitos escândalos e mancadas presenciados em tempos modernos. No entanto, ainda arrancando suspiros e força da nostalgia de um passado glório.

As misses brasileiras, acreditem, são mais conhecidas em outros países do que no Brasil (ao menos pelo público dos concursos, significativamente maior que o nosso). Por aqui, com exceção da minúscula parte que acompanha os certames, 100% (cem por cento) desse restante não conhece a atual miss Brasil; nem a do ano passado; nem a imediatamente anterior, e assim até o infinito. A não ser Martha Rocha e Vera Fischer. Nem as duas brasileiras eleitas miss Universe (63 e 68) são poupadas nessa estatística.

Agora, recentemente, descobriu-se que uma grande empresa, a Polishop, viu na parceria com o certame um caminho para adentrar a concorrência no mercado de cosméticos. Uma parceria acertada, imaginamos de cá, pois, mesmo quem navegava pelas marés turvas do mundo-paralelo1 nunca ouvira falar antes da tal Be Emotion, a marca de cosméticos da Polishop, que ora busca seu lugar ao sol, nesse lucrativo mercado. Já agora...

A onda de otimismo provocada pela nova parceria – Band/Polishop – refletiu, inclusive, na escolha da candidata, embaixadora da marca por um ano. O rompimento do padrão mantido por décadas à fio pôde ser constatado, também, pelos pequenos reparos no formato do evento; pelo time de classificadas e o perfil alçado ao Top5. Dentre as 5 (cinco) mais cotadas, das 10 (dez) que escolhidas semifinalistas, 3 (três) eram louras. Louras de verdade, algo inimaginável nas gestões anteriores que primavam por um padrão pessoalizado, descartando verdadeiras potências da beleza pátria. E, pasmem, todas com medidas relativamente ideais.

A eleição da gaúcha, Marthina Brandt em 2015 veio oxigenar o ambiente. Não apenas por não ser morena-branca de cabelos negros (à lá Iracema), e quadril exagerado, mas por permitir ao certame, o envio de candidata que fuja do estereótipo pessoalizado (de novo) e errôneo. Não devemos nos ater apenas a essa circunstância, pois uma miss Brasil deve ser considerada bem mais do que uma mera candidata à miss Universo. Mas, o fato de se eleger uma mulher fisicamente adequada àquilo que se espera de uma competidora é algo a ser comemorado.

Independente da cor da pele, dos olhos ou dos cabelos observamos que as brasileiras ainda gozam de certo prestígio nos respectivos certames (com raras exceções). Aquelas cuja incapacidade pulularam sem apoio ou condições físicas para ir adiante, em maioria das vezes fracassaram por omissão da organização, não delas propriamente.

M. Brandt - a face moderna do Brasil
no MU2015
Agora, às portas de uma nova e acirrada competição no Miss Universo, mais uma brasileira tentará quebrar o jejum de quase 50 anos; é esse o intervalo do Brasil desde o último título universal (1968).

Evidente está, que o glorioso passado do Miss Brasil jamais será esquecido. Idem os erros de um período nem tão distante, mas, a fissura no certame 2015 provocou uma golfada quente de esperança que somente 2016 nos dirá se é real e trará efeitos positivos ou apenas mais um enredo dramático e mal ensaiado por atores medíocres.
1. mundo dos concursos de beleza

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