terça-feira, 22 de julho de 2014

Concursos de beleza: mundo de estilos, pompa, egos, quedas e tropeços…

Há um dito popular que diz: “tudo o que aqui se faz aqui também se paga”. É uma afirmação forte e muitas vezes carregada de rancor. Não sigamos tal conotação ao pé da letra nesta ocasião. Contudo, não deixa de ser o prenúncio de uma doce vingança.

Expliquemos. Aqueles que laboram e/ou se locomovem nos labirintos do mundo-paralelo1 estão cientes que nossas candidatas muitas vezes são alvos de muitas críticas ou insultadas das mais diferentes formas. Algumas partem de nós mesmos, os compatriotas; outras, e a grande maioria, dos admiradores dos concursos de belezas mundo a fora. Em alguns casos críticas pesadas e merecidas, noutros, nem tanto.

Quem não se lembra da enxurrada de pancada verbal à miss Brasil 2009, especialmente quando da entrevista nas apresentações preliminares e classificatórias ao título de Miss Universo daquele mesmo ano? Aos esquecidos, nossa bela miss Brasil – Larissa Costa – equivocadamente tentou responder, em inglês, quando questionada. Foi um desastre coloquial que entrou para a história dos micos-da-beleza, o que também rendeu apenas a mera figuração da brasileira no evento. Claramente fora instruída a mostrar-se esforçada mesmo desprovida de qualquer domínio do idioma estrangeiro e caiu ruidosamente por terra. Um tiro no pé. As críticas e as chacotas perduram até hoje quando revemos o vídeo embaraçante.

Os admiradores hispanoamericanos, em especial, esbaldaram-se e já em 2010, na eleição da miss Brasil, veio ao evento ninguém menos que a miss Universo 2009, venezuelana de 18 anos que havia presenciado o fracasso da candidata brasileira nas Bahamas.

Sabedora do desastre do inglês-tupiniquim, ao ser entrevistada após a eleição da miss Brasil 2010, a miss Universo 2009 julgou-se satisfeita com o resultado e soltou algo como: “a nova miss Brasil é linda, alta e fala inglês”. Uma singela alfinetada na colega sucedida e ex-concorrente direta no Miss Universo.

Os meses se arrastaram e chegamos ao Miss Universo 2010. Lá estava nossa miss Brasil alta, linda, falando inglês e, pasmem, gorda e insegura. Novamente éramos o foco das atenções; atenções negativas, é bem verdade. Outro prato cheio aos críticos, especialmente mexicanos que cantarolavam, uma vez que a sua, até então, candidata era fortíssima e viria a sagrar-se vencedora.

Já no outro polo do radicalismo-miss’ológico, a Venezuela prostrara-se sem grandes ataques. Nada mais coerente, considerando a sua candidata visivelmente fraca. Ainda assim, a brasileira ficava atrás das concorrentes dado o aspecto físico desfavorável.

Mas, como dissemos, “tudo o que aqui se faz, aqui também se paga” – a vingança, por assim dizer, viria sorrateiramente nos braços da razão. Primeiro pagaria a conta, a Venezuela. Três anos depois do desastre-coloquial do inglês da brasileira, 2012 consagraria uma venezuelana como a detentora da contestação mais bizarra do mundo-paralelo em todos os tempos e dificilmente será superada. A entrevista da miss Brasil 2009 na preliminar do MU2009 tornou-se em mera informalidade se confrontado com o que fez a miss Venezuela – Irene Esser no miss Universo 2012. Selecionada ao Top5, quando questionada contestou em idioma que seria o Inglês, mas não formulou uma única frase, em qualquer linguagem conhecida pelo homem moderno.

Voltando ao norte da América encontramos os mexicanos. Também faziam coro ao criticar as gordurinhas a mais da miss Brasil 2010 e em 2013 - exatos três anos, como no caso anterior (não diferente dos venezuelanos em 2012), padeceram embebidos ao sabor do próprio veneno. Não bastasse a venezuelana ter levado o título (mesmo não respondendo ao que fora indagada na entrevista final), a candidata mexicana fracassou em Moscou, Rússia, sob todas as honras e críticas que somente as gordurinhas, as mesmas que reprovaram a miss Brasil 2010, em Las Vegas, são capazes de oferecer.

Ironia do destino? Que nada. Assim é a vida. E zeramos as diferenças.

Ao ressuscitarmos esses pequenos detalhes percebemos com clareza o quão sábio são os pensadores-informais. Eles nos ensinam que em nenhum aspecto somos absolutos. A existência é regada a altos e baixos e criticar, deve sim, fazer parte do pensamento livre, mas precisamos ter a consciência de que amanhã poderemos ser os alvos das mesmas críticas que fazíamos. Ou dos mesmos pecados: da gula e da ignorância, este não necessariamente capital, mas oriundo deles.

Não somos nada além de pessoas… muitos dirão que é muita coisa. Eu penso que é apenas o necessário.
1. mundo dos concursos de beleza.

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