quinta-feira, 2 de julho de 2015

Miss Mundo Brasil em momento de glória – é agora ou nunca

Promoção. O comerciante, quando pretende alavancar a venda de um produto, seja pelo excesso de estoque, seja para divulgar a marca, põe em evidência o tal produto, para chamar a atenção do consumidor; o próprio trabalhador, enquanto funcionário, busca, dia após dia, promover-se na empresa em que trabalha – o marketing pessoal – para obter melhores colocações e salários. Quem não é visto ou se mostra, não é lembrado; se não é lembrado estará condenado ao ocaso, nas entranhas do esquecimento.

No ângulo da pessoalidade há promoções e promoções. Em ambas, a tendência é a visibilidade, mas, somente numa delas essa visibilidade poderá ensejar bons resultados. Aquelas realizadas a qualquer custo, sem prévia pavimentação do terreno tendem a ser tão passageiras o quanto fora a vergonha causada em quem as presenciou - é o caso, por exemplo, de cantores/artistas em decadência que simulam briga e rompimento em pleno palco e no dia seguinte já se percebeu a jogada de marketing sensacionalista para alavancar aparições em tabloides de igual categoria. Já aquelas mais arquitetadas – embora não possamos discernir a essência da ética em todos os casos – encontram efeitos mais duradouros e, independente dos meios utilizados, podem até alcançar fins satisfatórios.

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E no mundo-paralelo1? Acreditamos que neste, especialmente, no brasileiro exista uma necessidade amazônica de urgente promoção, em razão das décadas de esquecimento e dos maus serviços prestados por parte daqueles que deveriam valorizá-lo, não apenas em benefício próprio.

Mas, nem todos os eventos, aparentemente negativos tem se mostrado perniciosos aos certames em si. Os mais emblemáticos: os Miss Amazonas e Sergipe 2015, em muito contribuíram para mostrar a banda podre da maçã encoberta pelas cortinas da certeza de inanição do público ou mesmo a de impunidade. Ao percebermos que ainda há pessoas capazes de levantar a voz diante da prática sorrateira de alguns, percebemos também que no centro desses antros uma sirene se acendeu para mostrá-los que cedo ou tarde a rede será desfeita; a sergipana, ao que tudo indica já é fato consumado. Aí questionamos: os agressores da ética e da decência serão efetivamente punidos?

Neste ponto já podemos vislumbrar uma promoção – negativa na origem e positiva no fim alcançado –, ou seja, a moralidade dos certames e a dúvida plantada no imaginário dos defenestrados-burladores da ética; e se alguém, pensarão eles, a qualquer instante, elevar o tom e derrubar o circo montado às custas da boa-fé alheia? Mais uma dúvida no ar; se reina a dúvida, há esperança.

Queiramos ou não, o mais recente episódio promocional no mundo-paralelo tupiniquim deu-se no último dia 27 de junho. Neste caso não houve danos ou desrespeito, a não ser, como sempre, pela noção de retardados que os mandachuvas dos concursos dispensam àqueles que acompanham tais eventos, anos a fio.

É pertinente questionar. Como é possível um organismo, por mais desorganizado que seja, não saber ou não exigir uma declaração de estado civil das próprias candidatas se o regulamento arcaico exige que a candidata seja solteira? Na melhor das hipóteses houve negligência da organização. Isso sem falar que, até a chegada das candidatas no certame nacional, elas poderão ter passado pelo crivo de, no mínimo, duas coordenações – uma municipal e outra estadual. No caso da miss Mundo Sergipe, eleita miss Mundo Brasil 2015, apenas a estadual, o que não ameniza ou isenta da responsabilidade, os envolvidos. A candidata, inclusive. Ou alguém acredita, verdadeiramente, que uma modelo que vive o dia a dia nesse mundo, é convidada a participar de um certame de beleza e não sabe que todos os concursos dessa natureza não aceitam mulheres casadas?

Não é possível atribuir a menor credibilidade às declarações ou alegações posteriores de desconhecimento. Tanto aquelas proferidas pela coordenação do estado, pela organização do evento nacional ou pela própria candidata que veio a público entregar o título à segunda colocada.

Foi um gesto bonito, muitos dirão. Não somente bonito, como amigável, cordial e, porque não, promocional – dizemos nós. Não fosse pelo ocorrido, talvez nenhuma repercussão tivesse tido a edição do Miss Mundo Brasil do ano em curso, e menos ainda, teria este atiçado a curiosidade do público ao ponto de chegar à grade matinal da Rede Globo.

A última ocorrência de uma miss Brasil, como tema de pauta, num programa da grade da Globo foi a aparição relâmpago de Natália Guimarães, quando do resultado do Miss Universo 2007. Desde então, muitos foram os escândalos, especialmente no segmento “Universo”, mas nenhum dos quais pudéssemos colher algo realmente positivo, se é que isso é possível.

De escândalos o Brasil está diuturnamente bem servido, seja qual for o ambiente debatido. Não há razões para se pensar que nos organismos miss’ológicos seria diferente. E, tivesse sido cumprido a contento o regulamento do Miss Mundo Brasil 2015, o resultado teria sido diferente. Nesse contexto, todas as candidatas, inclusive a atual miss Mundo Brasil, foram prejudicadas.

De toda sorte, os escândalos em 2015 (e esse do miss Mundo Brasil pode ser assim classificado) devem servir de parâmetro para um avanço moral e o exercício da lisura e do respeito desses organismos para com o público.

Admitir um erro, pedir desculpas e o fazê-lo em público é louvável. O que não é nada nobre é florear o ambiente com enredo aparentemente forjado, joga-lo ao público e julgar que este ou parte dele, não faça uso do lóbulo frontal – aquela partezinha do cérebro responsável pelo raciocínio.

Eis, portanto, uma promoção eficiente, que atingiu a eficácia ainda em curso. No entanto, na política já estamos tão saturados ante às mentiras e dissimulações que seria prudente buscarmos ambientes sadios em outras frentes. No entanto, onde estará enterrado esse ambiente tão necessário? Seria, também, utopia querer o mínimo de decência em um mero certame de beleza?

Entre pros e contra, a Organização do Miss Mundo Brasil vem mantendo a coerência, uma conduta mais transparente, o mínimo que se espera de um organismo relativamente público e que envolve tantas pessoas cujos sonhos ainda são alimentados pelos anseios éticos os quais devem permear, inclusive, os atos dos “donatários”.

Fica mais uma liçãozinha, pronta para ser vista e absorvida...
1 mundo dos concursos de beleza.

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