quarta-feira, 22 de julho de 2015

A ausência de uma visão dinâmica é apenas um dos fatores que contribue para o enterro do Miss Brasil

Li em algum lugar que a Band/Enter estaria esperando o destino do MUO* em 2015, para, somente depois, realizar a eleição da miss Tupiniquim. Ou até abandoná-la de vez. Daí, questionamos novamente:o que diabos tem a ver a eleição da Miss Brasil com a realização do Miss Universo?

Na verdade, para essa pergunta temos a resposta. Eles, os digníssimos mandachuvas do Miss (Universo) Brasil carregam enraizados nas entranhas, a certeza maluca de que uma miss nacional se resume à participação no Miss Universo. Tanto é assim, que, tão logo termina o mega-evento internacional as misses do Brasil caem no ostracismo, em português claro, no esquecimento.

Temos uma miss Brasil de uma noite só – a noite da eleição; e uma candidata a miss Universo, que após perder o título retorna ao país para cumprir a agenda inexistente de uma “reinado” fictício.

Marta, a última brasileira - 1968
Um país que almeja um título internacional, em primeiro lugar, necessita formar uma equipe com profissionais capazes de realizar o feito; necessita tornar o evento-de-uma-noite-só, em um organismo que funcione os 365 dias do ano (ou 366 e as horinhas a mais, se ano bissexto); precisa desvincular a escolha da postulante à Miss Universo, à sua mera participação no evento – precisa, acima de tudo, prepará-la e aperfeiçoá-la para competir, mas isso ocorreria, se e somente se existisse apoio e seriedade na formação da miss Brasil.

Percebemos na comissão de frente, um grupo de amadores e aventureiros que se auto nominam “experts” e o resultado é o fracasso, ano após ano; presenciamos a escalação de um time de jurados dotado de ideologia arcaica em conceito de beleza ou competição de beleza feminina (ou masculina); alguns pensam o mundo dos anos 50, e ainda, são instruídos a assim pensar, outros que já conhecem a realidade do século XXI.

Natália - após MU2007, o padrão.
Outro ponto crítico. O Brasil é um país miscigenado, mas, na concepção dos tresloucados mandachuvas, miss Brasil tem que ter pele morena ou branca e cabelos negros, sejam naturais ou sob efeito de tintura. Negras, jamais; louras, nem pensar – tais espécimes, dirão eles – não são brasileiros. Nessas horas fico imaginado o que fazer com meu avô, que é paraibano, louro e de olhos azuis; idem meu irmão, que herdou os tais traços genéticos da família materna.

Como podemos ver, as agruras que rondam o Miss (Universo) Brasil, enquanto organização, não são passíveis de mensuração. É tanto retrocesso, tanto amadorismo, tantos erros que ficamos tentados a imaginar que, tal como o Congresso Brasileiro, somente terá jeito com uma implosão e recomeço da estaca zero.

Por fim, um projeto sério e consistente, não se traduz em algo impossível de ser alcançado. Basta vontade (que a Band demonstrou ter nos últimos três anos) e um capitão(ã) competente, que entenda de verdade a cartografia desse mundo-paralelo e tenha senso lógico de navegação.

Infelizmente, a Band/Enter não tem acertado, quando se deixa levar pelos egos inflados de alguns poucos que se manifestam como se a salvação fossem , quando na realidade, contribuem fortemente para o fracasso do certame.

O miss Universo é muito importante, talvez a razão maior de uma miss, quando falamos em competição , mas uma organização nacional não pode ficar dependente do seu calendário para eleger suas "soberanas".

Caso a Band “jogue a toalha” e os antigos-donatários saiam das sombras, a organização Miss Brasil perderá a pouca credibilidade que ainda resta.

E a luz no fim do túnel, que um dia imaginamos ver, hoje traduz-se em miragem… uma miragem em vias de se apagar.

* Miss Universe Organisation - que caiu em desgraça, perante a América espanhola, especialmente após declarações desastrosas de Donald Trump - o dono e pré candidato à presidência dos EUA - que, em seu discurso para se lançar nas prévias, afirmou que os mexicanos são estupradores e traficantes e a América Latina, um antro pernicioso que envia seus cidadãos àquela nação, para destruí-la.

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