Li em algum lugar que a Band/Enter estaria esperando o destino do MUO* em 2015, para,
somente depois, realizar a eleição da miss Tupiniquim. Ou até abandoná-la de
vez. Daí, questionamos novamente:o
que diabos tem a ver a eleição da Miss Brasil com a realização do Miss Universo?
Na verdade, para essa pergunta temos a
resposta. Eles, os
digníssimos mandachuvas do Miss (Universo) Brasil carregam enraizados nas
entranhas, a certeza maluca de que uma
miss nacional se resume à participação no Miss Universo. Tanto é assim, que,
tão logo termina o mega-evento internacional as misses do Brasil caem no
ostracismo, em português claro, no
esquecimento.
Temos uma miss Brasil de uma noite só – a noite da eleição; e uma candidata a
miss Universo, que após perder o título retorna ao país para cumprir a agenda inexistente de uma “reinado”
fictício.
Marta, a última brasileira - 1968 |
Um país que almeja um título internacional, em primeiro lugar, necessita formar uma
equipe com profissionais capazes de realizar o feito; necessita tornar o
evento-de-uma-noite-só, em um organismo
que funcione os 365 dias do ano (ou 366 e as horinhas a mais, se ano
bissexto); precisa desvincular a escolha da postulante à Miss Universo, à sua mera participação no evento –
precisa, acima de tudo, prepará-la e aperfeiçoá-la para competir, mas isso ocorreria,
se e somente se existisse apoio e
seriedade na formação da miss Brasil.
Percebemos na comissão de frente, um grupo de amadores e aventureiros que
se auto nominam “experts” e o
resultado é o fracasso, ano após ano; presenciamos
a escalação de um time de jurados dotado de ideologia arcaica em conceito
de beleza ou competição de beleza feminina (ou masculina); alguns pensam o
mundo dos anos 50, e ainda, são instruídos a assim pensar, outros que já conhecem a realidade do século XXI.
Natália - após MU2007, o padrão. |
Outro
ponto crítico. O Brasil é um país
miscigenado, mas, na concepção dos tresloucados mandachuvas, miss Brasil tem
que ter pele morena ou branca e cabelos negros, sejam naturais ou sob efeito de
tintura. Negras, jamais; louras, nem
pensar – tais espécimes, dirão eles – não são brasileiros. Nessas horas fico
imaginado o que fazer com meu avô, que é paraibano, louro e de olhos azuis; idem meu irmão, que herdou os tais traços
genéticos da família materna.
Como podemos ver, as agruras que rondam o
Miss (Universo) Brasil,
enquanto organização, não são passíveis de mensuração. É tanto retrocesso, tanto
amadorismo, tantos erros que ficamos tentados a imaginar que, tal como o Congresso Brasileiro, somente terá
jeito com uma implosão e recomeço da estaca zero.
Por fim, um projeto sério e consistente, não se traduz em algo impossível de ser
alcançado. Basta vontade (que a Band demonstrou ter nos últimos três anos) e um
capitão(ã) competente, que entenda de
verdade a cartografia desse mundo-paralelo e tenha senso lógico de
navegação.
Infelizmente, a Band/Enter não tem
acertado, quando se deixa
levar pelos egos inflados de alguns poucos que se manifestam como se a salvação
fossem , quando na realidade, contribuem
fortemente para o fracasso do certame.
O miss Universo é muito importante, talvez a razão maior de uma miss, quando falamos em competição , mas uma organização nacional não pode ficar dependente do seu calendário para eleger suas "soberanas".
Caso a Band “jogue a toalha” e os antigos-donatários
saiam das sombras, a
organização Miss Brasil perderá a pouca credibilidade que ainda resta.
E a luz no fim do túnel, que um dia imaginamos ver, hoje traduz-se em miragem… uma miragem
em vias de se apagar.
* Miss Universe Organisation - que caiu em desgraça, perante a América espanhola, especialmente após declarações desastrosas de Donald Trump - o dono e pré candidato à presidência dos EUA - que, em seu discurso para se lançar nas prévias, afirmou que os mexicanos são estupradores e traficantes e a América Latina, um antro pernicioso que envia seus cidadãos àquela nação, para destruí-la.
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