domingo, 29 de março de 2015

Concursos brasileiros - haverá salvação?

Certames brasileiros...
Por algum tempo buscamos acreditar que os comandantes dos certames de beleza no Brasil haviam tomado tento e endireitado, perante a opinião do público. Aqui mesmo no Blog encontramos vários textos que refletem nossas expectativas. Constatamos que foram, são e talvez serão apenas expectativas de melhora, pois a realidade grita contra qualquer direcionamento sadio.

O Miss (Universo) Brasil, apesar do latente esforço da emissora de TV responsável, ainda não conseguiu melhorar a imagem ou mesmo atrair a atenção das pessoas. O Miss (Mundo) Brasil, que por dois anos quisera mostrar serviço, em 2014 voltara ao fundo do poço com um certame amador, um formato falido e extremamente pessoalizado e uma eleição final impossível de ser compreendida.

O descaso que ronda os principais segmentos dos concursos de beleza no Brasil reflete bem nas imagens precárias de suas eleitas, ano a ano (com raríssimas exceções). É clara e perceptível a derrocada das eleitas. A cearense Melissa Gurgel, graciosa e dona de si, tão logo foi coroada Miss Brasil 2014 perdeu todo seu frescor e brilho. Estão aí as imagens da sua competente participação no Miss Universo. Ali observamos uma jovem se esforçando ao máximo para ser percebida, e foi, mas estava sozinha. Não foi assessorada como merecia; e dentre tantos "pecados" estava visivelmente acima do peso, e continua a descer no quesito "imagem".

Imagem desconstruída de uma jovem...
Na eleita no segmento Mundo, foi mais difícil ainda encontrar pontos qualificadores. Com exceção da presença de palco mediana, sua imagem não reflete tantos predicados para justificar um título nacional. O razoável perdurou até a eleição, isto porque, após a coroação fora levada à famigerada orientação venezuelana. O resultado não poderia ser outro: rosto desfigurado, vestimentas deploráveis e estilo envelhecido e sem qualquer luz própria. O único quesito pontual foi mérito do projeto social "beleza com propósito", projeto este já reconhecido nos dois anos anteriores. Portanto, mérito do projeto, não da candidata.

O Miss (Universo) Brasil prioriza candidatas nativas por Estado. No entanto, isso não faz do certame um virtuoso em seu processo de escolha. Ano após ano regulamentos são quebrados ou refeitos para beneficiar uma ou outra candidata; eliminam-se candidatas com todas as qualidades latentes e classificam-se outras sem a mínima condição; o corpo de jurados técnicos usa descaradamente a pessoalidade e outros ditos técnicos nem sequer sabem as qualidades necessárias numa pretensa miss.

Do outro lado, o Miss (Mundo) Brasil tentou acertar, indicando suas candidatas independente dos Estados brasileiros. E como não poderia ser diferente, o fisiologismo passou a reinar no certame. Ali, a cada ano participam quase 50 moças e a maioria esmagadora é gaúcha indicada para representar ilhas, lagos, praças, ruas, reservas ecológicas, rios... além de outros estados, que, não dispondo de coordenação para eleger uma representante, recebem uma gaúcha. Assim, é bem comum deparamos com uma gaúcha usando faixa do Maranhão, ou Amapá, ou Acre, ou Alagoas, ou Rio de Janeiro...

Um disparate inconteste.

Os dois certames estão consonantes nas questões que envolvem eleger uma jovem de "nacionalidade gaúcha" como miss Universo ou miss Mundo. Não é novidade se ouvir de coordenadores a afirmação de que "logo, logo teremos uma miss Universo/Mundo gaúcha.

1ª e única brasileira eleita miss Mundo (71)
A grande ironia é que, mesmo com tantos benefícios e pontos a favor, nenhuma jovem de "nacionalidade gaúcha" conseguiu tal façanha. (claro que não estamos a falar de 50 anos atrás, quando havia seriedade*) Essa é a comprovação mais cabal de que não basta querer. É imprescindível trabalhar, arduamente e com responsabilidade e imparcialidade, para que isso se realize. Não é o que vemos e constatamos a cada ciclo miss'ológico brasileiro.

No Brasil, concursos de beleza não são apreciados pelo público. E enquanto perdurar os desmandos vigentes, o abismo entre eles e as pessoas somente se alargará. É uma queda livre, num buraco escuro e olhos vendados e que talvez jamais o fundo será o limite.

Certamente, muitas jovens ainda procuram esses certames por acalentar sonhos de infância e desconhecê-los efetivamente, por acreditar que "agora será diferente" ou simplesmente por ingenuidade, que resume tudo.

* Ieda Vargas (gaúcha) foi eleita miss Universo em 1963; Martha Vasconcelos (baiana) foi eleita miss Universo em 1968; e Lúcia Petterle (carioca) foi eleita miss Mundo 1971 - a partir de então, nenhuma brasileira foi eleita nesses dois certames.

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