quarta-feira, 18 de junho de 2014

Miss (Universo) Brasil – Um conto de fadas em evolução?

Todos os dias, se olharmos atentamente havemos de perceber que o mundo não para. Quem busca interação acompanhará o progresso; quem “não liga” para os novos adventos, gradativamente perderá terreno, até sumir. Isso é perceptível em todos os âmbitos que se busque analisar. No futebol, nos contos de fadas e até nos concursos de beleza, essa máxima é retumbantemente verdadeira.

Vamos falar de futebol? E por que não? Nesses dias, respirando Copa do Mundo, não bastasse ser de futebol, ter o Brasil como o País sede reflete um “up” a mais. Pertinente, por sinal. É no futebol, especialmente nele que, não havendo evolução o resultado é a derrota.

Ainda embriagados pelo título da última copa da Fifa em 2010, e quase todos os títulos europeus nos últimos anos, a seleção espanhola esbaforiu presunção e favoritismo, mas bastou entrar em campo com a costumeira tática, outrora vencedora, para tropeçar nos próprios calcanhares. Resultado da estagnação: a desclassificação prematura, ontológica, histórica e inacreditável da famosa La Roja após míseras duas partidas ainda na primeira fase da Copa do Mundo 2014.

18/06/2014 - o dia que o Touro RIU
Foi-se a ex-primeira-dama do topo da lista da Fifa.

E nos contos de fadas, hein? Como andariam a evolução naqueles mundos fantásticos que, indistintamente, em maior ou menor proporção, já acalentaram os sonhos de todos os semoventes pensantes da terra? Pois é! Até os mundos-fantásticos precisaram de uma reinvenção estratégica para atingir novos públicos. Público mais moderno, mais ativo, mais dinâmico. No entanto, engana-se quem pensa que diante das novas exigências da sociedade moderna os príncipes e as princesinhas-de-olhares-perdidos caíram no esquecimento. Pelo contrário, as princesinhas, antes frágeis e sonhadoras, a cada investida midiática retratam as exigências da modernidade.

Vejamos: é Cinderela que não leva desaforo para casa, ou melhor, para o fogão; é Rapunzel de nariz empinado que enfrenta sem medo, a bruxa malvada; é João e Maria que viram caçadores de seus algozes; é Branca de Neve em fronte de batalha; é príncipe que de tão belo se parece (ou é) um Ogro; e por aí vão infinitas versões regadas a ousadia e não menos fascinantes.

Os tempos são outros.

São?... Já no ambiente dos concursos de beleza – não menos fictícios que aqueles dos contos – essa lufada de modernidade ainda não se fez notar de forma cristalina. É bem verdade que há insurgentes que almejam arrancá-los daquele passado remoto, e não raras vezes são tolhidos pelo excesso de preservação dos ditames congelados através dos séculos. Não é outro o motivo pelo qual ainda presenciamos misses e candidatas a misses alegoricamente enfeadas, digo, enfeitadas como uma donzelinha inocente do Séc. XVIII. Para a época, lindas; para os dias atuais, meros reflexos de seus mentores.

Puxa vida, até os contos de fadas sofreram uma necessária reciclagem! Alias, uma reciclagem constante. Mas, (sempre o mas) no universo-paralelo o lema ainda é aquele do tradicionalismo exagerado. Culturas e tradições, claro, são a identidade de um povo, não ousemos negar isso. O danado é quando esse-povo junta e enfia tudo em um mesmo saco. E o saco dos concursos de beleza não deveria ser o mesmo saco que guarda a identidade social de cada tribo. Eles são apenas parte, por óbvio, mas não podem permanecer estagnados, até porque não têm o poder que tem os costumes e as tradições. Nesse contexto, os concursos devem seguir a mesma evolução porque passam o futebol e os continhos.

Hoje, apesar das lutas de alguns (poucos), a preservação do retrato da antiguidade ainda reflete nossas candidatas, não só as brasileiras, mas especialmente elas, pois são as que nos interessam.

Contudo, diante de tudo isso, com os exemplos latentes da necessidade de evolução advindas, seja do futebol, das estórias de contos de fadas ou de quaisquer outros “setores” que se analise havemos de admitir que há um pirilampo ao final do túnel enegrecido. Expliquemos: o mundo-dos-contos baixou em terras-anis-tupiniquins – a Enter/Band, finalmente percebeu o movimento e contratou a Fadahazz-Madrinha, cuja missão parece ser batutar todas as candidatas com seu condão-mágico, ainda que ausente o pó de pirlimpimpim.

De varinha mágica em punho, sempre em riste, a Fadahazz-Madrinha (ou seria fado?) tem sobrevoado os céus de anil a conjurar novos ventos baforarem o palco do Miss (Universo) Brasil. É louvável o esforço! O problema é que esqueceram de avisar a Fadahazz-Madrinha que as varinhas mágicas caíram em desuso com a evolução tecnológica e, a não ser na arcaica escola de Hogwarts, talvez em nenhum outro lugar, nem mesmo na Terra-Média-de-Gandalf-e-Frodo se use mais esse apetrecho.

Como batutas de maestros dizem ser essenciais, mas há controvérsias.

De qualquer forma ainda é melhor usar a varinha do Reuri Poter que o cabo-de-vassoura-preso-as-costas, ideia “iluminada” de uma certa dama-da-etiqueta-e-do-turbante.

É isso aí… dos males, o menor. E viva os contos e as fadashazz-madrinhas, a derrota de La Roja e a força evolutiva pós-moderna nos palcos do Brasil.

E haja pó de pirlimpimpim!...

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