Gostaria de entender o que leva uma pessoa a
menosprezar seu semelhante em razão de meras e imaginárias linhas geográficas
ou fator genético. Há pessoas que, por
atos e fatos que praticam, devam ser penalizadas, isso indistintamente, a
depender da gravidade, todavia, a gratuidade do menosprezo, da condenação gratuita às pessoas de forma
generalizada, nos faz reviver os porões escuros da história perversa, da
busca pelo perfeito, na concepção de
algumas doentias mentes.
Todos os dias é possível ouvir dizer, ou mesmo
presenciar fatos que corroboram a infame
prática da segregação, da discriminação gratuita e enrustida. Os tentáculos
dessa, nunca param de expandir-se apesar das muitas formas de cerceamento e
repulsa a tais atitudes.
Muitos,
levianamente, valem-se das liberdades que dispõem, advindas das benesses democráticas,
para disseminar pensamentos inadequados e em muitos casos, claramente perniciosos, carregados de pejo e insatisfação pelas “misturas”
que nada mais são, que a ação da própria natureza. Outros, ingenuamente, adotam posturas equivocadas, talvez por
serem de fácil convencimento fruto da
ignorância do real teor das mazelas oriundas de práticas tão desumanas.
Embasados em
um pensamento torto, acreditam que a ciranda natural errou ao permitir a “proliferação”
de seres geneticamente miscigenados. E
se não alcançam a Natureza para reprimi-la pelo suposto erro, atacam,
covardemente, o produto dessa miscigenação, desse “erro”, o qual julgam inferior e não merece dividir o mesmo espaço, ainda que
geográfico.
Até a consolidação da Democracia nas sociedades
ocidentais, muitos padeceram sob o jugo
da intolerância; muitos deram a própria vida em prol de um futuro mais
igualitário, mais justo. Hoje, podemos afirmar
que desfrutamos de um ar mais respirável graças aos sacrifícios dos heróis do
passado, no entanto, as raízes do “sistema de partilha de raças” jamais
deixara de alimentar-se e, por óbvio, de crescer.
Ironicamente, hoje, os repressores miscigenos tendem a sentir uma “repressão branda” sobre
suas teses espúrias, isto porque, a ampla maioria da sociedade livre não coaduna com o pensamento racista, ou xenofóbico.
Logo, quem compactua com as práticas de uma sociedade livre, jamais reprimiria
os segregacionistas em suas práticas infames com a truculência, tão somente com a força advinda das leis,
criadas para todos, sem distinção.
Há mais perigos em se viver em sociedade do que aqueles que o senso comum tende a imaginar. Ficamos tão estarrecidos diante da violência física e contra a vida, que esquecemos dos males da intolerância, que aproveitam esse frenesi e tentam invadir as sociedades pela porta dos fundos. Hoje, pela porta dos fundos, mas isso não impede que cheguem a todos os cômodos e prepare o caminho para o regresso triunfante pela entrada principal.
Há mais perigos em se viver em sociedade do que aqueles que o senso comum tende a imaginar. Ficamos tão estarrecidos diante da violência física e contra a vida, que esquecemos dos males da intolerância, que aproveitam esse frenesi e tentam invadir as sociedades pela porta dos fundos. Hoje, pela porta dos fundos, mas isso não impede que cheguem a todos os cômodos e prepare o caminho para o regresso triunfante pela entrada principal.
Regredir é
historicamente impensado, mas não impossível, caso a sociedade moderna não
persevere. Devemos, sim, aperfeiçoar as
conquistas do passado e nos prostrarmos em constante estado de alerta, vigilantes diuturnamente, à manter intactos
os valores que nos torna mais humanos e mais compreensivos.
Os
pensamentos distintos geram teses distintas que são debatidas,
contestadas, aproveitadas, total ou parcialmente, mas nunca reprimidas. Isso é
válido, também, para os atos que
praticamos. É válido para mostrar que não
somos os donos da verdade absoluta (há muitos que nem sequer acreditam em
verdade-absoluta); que ser belo ou não,
não nos torna mais ou menos merecedores de respeito; que estarmos ou sermos do norte ou do sul, não predispõe nossa
ética, capacidade ou consolidação de valores.
Um ignorante
e iletrado alimentar uma conduta errônea ainda é mais aceitável do que aquele que julga-se intelectual; aquele,
coitado, recebe as informações e, por ser ignorante, não tem a capacidade de discernir o que é próprio ou impróprio a
defender; já este, em tese,
consciente do seu papel e entendedor do mundo como ele é busca difundir suas visões distorcidas e perversas, e não raras
vezes, cai nas armadilhas que “ele” próprio deixara postas pelo caminho.
Nestes termos, quem
é o sábio e quem é o ignorante?
A “repressão” democrática jamais será a mesma repressão utilizada pelos intolerantes. Até nisso eles têm benefícios, pois aquele que não discrimina vislumbra a todos sob um mesmo ângulo – o de ser humano que somos, independente de fator genético ou de linhas geográficas imaginárias.
A “repressão” democrática jamais será a mesma repressão utilizada pelos intolerantes. Até nisso eles têm benefícios, pois aquele que não discrimina vislumbra a todos sob um mesmo ângulo – o de ser humano que somos, independente de fator genético ou de linhas geográficas imaginárias.
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