sábado, 28 de setembro de 2013

MW/13 - o dia em que a insegurança falou mais alto

Dia 28 de setembro de 2013 foi (está sendo) um dia atípico, especialmente nos limites do mundo-paralelo da miss'ologia brasileira.

Acompanhamos, na medida do possível (e entediados), o arcaico e infinito miss World 2013, realizado na Indonésia, com seus exagerados e desgastantes trinta dias de duração. Não bastasse isso, ainda sob o risco de ataques terroristas - ameaças advindas dos radicais islâmicos ultra-conservadores - embasados pela premissa infame de que as mulheres não devem expor um centímetro sequer de sua epiderme.

Esse evento final, que saudou o Brasil logo nas primeiras horas da manhã, fez renascer a esperança de termos a segunda brasileira coroada no certame, uma vez que a primeira e única coroação-tupiniquim deu-se em 1971.

Sancler Frantz, representante do Brasil, manteve-se constante durante todo o evento, despertando o interesse e simpatia inclusive nas bolsas de apostas direcionadas a tais eventos. Foi, sem sombra de dúvida, uma das mais emblemáticas e competentes representantes do Brasil nos últimos anos. No entanto, nem mesmo todo o empenho despendido fora suficiente para alçá-la ao ponto máximo da competição.

Miss Mundo Brasil - insegurança oral/vocal explícita pode ter lhe custado o título de miss World 2013.
Derrota após derrota, muitos saem a campo destilando todos os tipos de teorias para explicar o que faltou ou excedeu. Alguns afirmam com cega propriedade que o "não falar Inglês fluente" é o principal empecilho das representantes do Brasil; outros culpam os vestidos; adiante, outro grita que foi culpa dos cabelos, ou até mesmo da tinta-labial usada na ocasião.

Pelo histórico que temos percebe-se que, o que falta mesmo é dedicação atrelada ao tempo de treinamento. Uma miss precisa ser encarada como uma competidora de alto nível, a ser comparada a um atleta esportivo, e nenhum atleta de ponta conseguirá chegar ao pódio sem um treinamento árduo e duradouro.

No caso das misses há aquelas que já trazem uma "bagagem" cultural, psicológica e intelectual bem desenvolvidas, todavia, é notório que a imensa maioria precisa de tempo para absorver a ideia de competir em um concurso internacional para, exatamente, trabalhar a maturidade e confiança em si mesmas.

A cada certame em que nossas representantes chegam, meritosamente, a finalíssima e são questionadas verbalmente, fica evidente aquilo que as enfraquecem - a força oral trepidante e trêmula estimulada pelo despreparo emocional. E lembremos bem que a atitude e a certeza daquilo que se fala, não é transmitida apenas pelo idioma dito universal - o Inglês. Quando se tem segurança e se conhece com profundidade aquilo que se é, bem como aquilo que se defende, o idioma falado é o que menos peso pode vir a ter.

MW/12 - Contestação em idioma nativo
Muitas misses foram eleitas miss World ou miss Universe, contestando em seus idiomas de origem, todavia, o grande diferencial foi a atitude e a segurança que transmitiram ao passar suas mensagens. A Segurança, a confiança e a atitude, reiteramos, não são percebidos pelo tronco linguístico e sim pela percepção auditiva de entonação e percepção visual dos gestos - estes sim, genuinamente, universais.

Acreditamos que o Miss World 2013 veio apenas ratificar aquilo que muitos já perceberam e defendem: ter preparo para encarar o grande público não é o mesmo que preparar-se para falar às câmeras ou frequentar eventos sociais, e a dar entrevistas vagas à entrevistadores medíocres, limitados e desconexos.

Ao final de tudo devemos crer que tais "derrotas" possam ser convertidas em vitórias futuras se considerarmos que temos a capacidade de perceber os deslizes e com isso o patrocínio aos devidos acertos imediatos, já, a partir de ontem.

Caso não tenhamos esse discernimento, muitos anos ainda terão o gosto amargo da derrota, mesmo com a vitória acenando e nos sorrindo a poucos centímetros de distância.

Fica, pois, mais uma lição...

2 comentários:

  1. Parabens, BSB-DF, pela sensatez na avaliacao do que ocorreu no Miss Mundo. Talvez umas aulas de teatro poderiam ajudar as meninas a corrigir esse pequeno detalhe que as impede de vencer os dois concursos de beleza mais importantes. Um abraco! - Tony Amaral

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  2. Valeu Tony... Teatro sem dúvidas seria uma das mais acertadas implementações a serem trabalhadas por aqueles que estão diretamente envolvidos com as candidatas. E pode ser um tema para uma próxima resenha.
    Grande abraço.

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