segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

MU/15 - O mais curto “reinado” da história do Miss Universo

Já cortamos, não adianta costurar 
- vamos dividi-lo?
20 de dezembro de 2015, entrou para a história do mundo-paralelo*. Tinha tudo para ser um dos mais belos eventos já realizados pela organização, incluindo aí, o cenário, a disposição de palco, os ângulos buscados pelas câmeras, a apresentação artística a contento... Em contrapartida, o apresentador já começava mal, saindo-se com piadas indecorosas, impróprias ao evento, mas perdoáveis.

Fato é, também, que o concurso começou a ficar obscuro no instante em que foi oficializada a participação do público como um dos cinco jurados da grande final. Informação dada já nos últimos dias do confinamento das aspirantes. Ora, quem conhece as entranhas do mundo-dos-concursos já desconfiava quem seria a provável vencedora; a agraciada com aferição de desempenho, alavancado pelo voto popular. A candidata das Filipinas, sairia na frente, fosse qual fosse as notas aferidas pelos jurados da bancada ou a capacidade da candidata no palco.

Ato contínuo. O resultado do fanatismo filipino se fez presente logo nos primeiros minutos e o sítio da organização na internet caiu, saiu do ar por contingência de acessos, não só dos filipinos, mas, principalmente deles. A representante daquele país, a partir de então passaria a todas as fases seguintes pelo impulso dos votos dos compatriotas. Nesses termos, a candidata das Filipinas, devido às mudanças de regras de última hora, estaria predestinada a sagrar-se a vencedora, como, de fato, aconteceu.

Mas, ainda não era o fim!

Um título - duas misses, eis o impasse!
Visivelmente nervosa, já na entrada ao Top5, a predestinada conseguiu expressar-se e manter-se de pé, embora com argumentação pífia e conivente ao momento, e tudo caminhava conforme planejado, não fosse o megalodonte erro cometido pelo mestre de cerimônia na hora do anúncio da vencedora - o mesmo das piadas infelizes?

Colômbia, miraculosamente alçada ao top2, aguardava, também ansiosa pelo anúncio e eis que veio o resultado consagrando o bicampeonato da latina de corpo sarado e passarela truncada, contudo ousada e ar de presunçosa. A emoção não foi generalizada apenas por conquistar o título máximo; adiciona-se aí o fato da Colômbia receber o título da Colômbia; ou, da Colômbia anteceder a Colômbia, tal como aconteceu com a Venezuela em 2008 e 2009.

As misses, timidamente, já congratulavam-se, e, de repente percebeu-se que algo de tenebroso pairava no ambiente. A vencedora colombiana prostrou-se, depois de alguns instantes no centro do palco e de lá, já não acenava tão efusivamente, empunhando a bandeirola de sua nação, dada por um fã na plateia no momento do anúncio. Instantes depois, o mestre de cerimônia, curvado por explícita vergonha, rumou desconcertado ao encontro da jovem que ainda mantinha-se no posto recém-conquistado. De início pensou-se que iria cumprimentá-la ou proceder a primeira entrevista. Ledo engano!

Para o arrepio geral, humildemente, o condutor do evento pediu desculpas e informou, ao vivo, como deveria ser, que fizera o anúncio errado; que a moça que estava desesperada no centro do palco, com seu título de mulher do ano era de fato a vice-campeã. Ou seja, mal fora coroada miss Universo, a miss Colômbia acabava de ser desempossada para entrar em cena a não menos estremecida, miss Filipinas – aquela eleita pelos compatriotas. O resultado fora posto diante das câmeras para afastar qualquer tipo de suspeita. Em suma: o apresentador, de fato, inverteu o resultado no momento do anúncio. Algo surreal.

A antecessora, também colombiana voltara ao palco, desconcertada com a cruel missão de destituir sua conterrânea, coroada minutos antes, e transferir o título àquela que de fato, fora a escolhida pelo voto popular asiático, em massa. Razões óbvias. Seguiu-se o desespero e pranto da jovem colombiana frustrada em suas expectativas e sonhos e acalentada pelas colegas em pleno palco. Aqui, a nova soberana já não era vista pelas outras participantes.

O que se há de fazer em um momento desses a não ser tentar reparar o erro como fora feito tão logo percebido?

Teremos duas misses Universo em 2015? Todo tipo de pensamento varou mente afora e adentro. Muitos já saíram a condenar o Miss Universe Organisation - MUO. Por que haveria, se o erro foi corrigido? Em outros tempos, e em tempo bem recente, teriam deixado como está, mas, felizmente, o apresentador, não obstante o fracasso da atuação, teve a decência em admitir o erro, seguramente ciente das consequências que poderiam (podem) advir desse ato; em outros tempos, como no recente 2012 – ano em que muitos indagaram se o resultado fora anunciado corretamente – o envelope jamais teria sido mostrado ao público; em outros tempos, o resultado seria guardado a sete chaves pelos organizadores e o curso seguiria num manto artificial, mesmo que não condizente com a realidade.

O que é verdade e o que é mentira, a partir desse fatídico 2015?

É imperativo que se entenda que houve um erro, que culminou em prejuízo, e que não é sensato fechar os olhos à atitude correta e ética tomada pelo apresentador, no momento em que percebeu o fato. Foi um ato premeditado? Não podemos afirmar. Fato é, também, que poderia ele ter deixado correr e a organização fazer os reparos em momento posterior, no entanto, não amenizaria as frustrações causadas. A possibilidade de esconder o resultado, nem cogitamos, portanto.

Assim presenciamos o maior vexame que se tem notícia, em um certame do porte do Miss Universo, que embora, parcialmente sanado, ainda será tema de muito debate, mundo afora e Ariadna Gutierrez, da Colômbia, entrou para a história como a miss Universo detentora do mais curto “reinado” de todos os tempos.

Claro está: público assiste, prestigia e torce. Público NÃO VOTA em eleição de Miss Universo. E, caso se mantenha essa diretriz torta, teremos, seguramente uma sucessão de mulheres filipinas eleitas MU. O que, de pronto, não causou a "tragédia", mas contribuiu e, não fosse tal direcionamento, o resultado, seguramente, seria outro.

Lição nº 01: rasguem a cartilha com as instruções que elevou ao trono a soberana universal 2015.
* concursos de beleza

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