segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Qual o tempo de uma miss?


Muitas vezes nos indagamos de onde vem a certeza (ou quase certeza) de uma pesquisa, seja ela científica ou não. Ao fazermos tais questionamentos, raramente incluímos a nós mesmos como um dos protagonistas responsáveis pelo feito – sendo coadjuvante ou principal – dependendo aí, do ponto de vista.

Ao imaginarmos essa certeza fruto apenas da pesquisa científica podemos ser persuadidos por equívocos, uma vez que muitas verdades não carecem, necessariamente, da ciência para serem verídicas de fato. Para ter credibilidade, sim, há de se depender de renome, mas na ausência deste, em sendo, não deixará de ser verdade um milímetro sequer.

Cada pessoa, na qualidade de homem-médio, tece suas pesquisas dia após dia. Provêm de uma percepção individual sem notoriedade e abrangência amplas, todavia é um ponto de vista derivado da percepção de algo, de uma minuciosa observação. Fazemos isso cotidianamente.

Observação – a percepção da realidade que nos cerca – essa é a palavra chave; daqui partiremos rumo ao desenvolvimento da presente resenha.

Há anos (alguns mais outros menos) fazemos parte do seleto grupo de pessoas que busca na beleza um dos passatempos favoritos – acompanhar e apreciar os concursos com todos os seus sabores e dissabores. Para alimentar tais impulsos, acompanhamos as eleições da forma mais viável que nos permitem os donatários - cidades, municípios, estados e Nação.

Nesses últimos anos, especialmente nesse último (2012), foi possível constatar a olho nu uma certeza (não científica, e nem por isso menos verdadeira) que muito fora debatida, especialmente nos fóruns de discussões: preparar uma miss e ensiná-la treinando é, de fato, garantia de vitória?

Alto lá! Garantia, nesse aspecto, não é passível de certeza absoluta, mas, ainda que remotamente, é mais provável uma candidata preparada, com empenho e tempo hábil, lograr êxito, do que uma sem nenhuma noção do que irá realizar alimentada, errôneamente, com o lema: vai porque é bonita(o), pois se o concurso é de beleza!... Os fatos mostram: seria como enviar um Jogador de Futebol à Olimpíada para competir nas argolas da Ginástica Olímpica.

Bem, como vimos, garantir a vitória sempre, é impropério, todavia, garantir uma atuação decente, com responsabilidade e conhecimento de causa é uma prerrogativa que somente os sábios tem. Pois estes sabem o que almejam, buscam pela excelência e alcançam por méritos, ainda que não a vitória plena, tão somente o pódio necessário.

Mesmo diante de uma candidata com beleza e sabedoria inatas, não se consegue lograr êxito num certame de beleza internacional (mesmo nacional), abdicando-se de treinamentos, instruções e disciplina, ações tão necessárias a uma verdadeira aspirante e vislumbradas pelos donatários.

Nesses dias, com o ciclo dos estaduais 2013 em vias de fechamento é perceptível o quanto a “maturidade” faz bem às misses no intervalo de 12 meses. Elas, apesar de muito jovens retornam a vida comum de mulher-mortal bem mais seguras de si. Daí, questiona-se: se isso é perceptível e uma miss é eleita para, dentre outros objetivos, concorrer ao miss Brasil, porque não elegê-las e prepará-las antes do certame principal? Por que levá-las imaturas ao miss Brasil? Por que fazê-las mais seguras justo quando a competição não mais é o objetivo?

Cumprir o “reinado” como miss é o objetivo, alguém pode redarguir. Todavia, dentro deste, há o “passaporte” para participar do certama maior. Assim, não faz sentido eleger-se uma mulher como miss de um determinado estado e não proporcioná-la as condições necessárias de representatividade, qual seja, concorrer ao miss Brasil com reais condições para uma atuação, no mínimo, mediana.

Nada impede que uma miss, seja ela estadual ou nacional, participe do certame para o qual faz jus, após passar faixa e coroa à sucessora; nada impede que dentre os compromissos de uma miss, um seja voltado ao aperfeiçoamento constante para atuação nos palcos e na vida; nada impede que os 8 (oito) meses vindouros sejam aqueles que antecedem ao certame nacional, para ter, no mínimo esse mesmo tempo de preparação e não o contrário – quando muitas candidatas são eleitas 1 (um) mês antes de competir e os 11 (onze) posteriores dedicados à preparação sucessória.

É um descompasso sem precedente... um contrassenso inominável.

Neste ponto, um desafio: busquemos as candidatas participantes do miss Brasil 2012 – essas que acabaram de deixar o “cargo” e a conclusão será previsível – 90% (noventa por cento) delas estão mais seguras, mais adequadas à competir. Onde já se viu um atleta de ponta ganhar medalha sem treinamento à exaustão? Se miss não for atleta-de-palco, por que raios levá-las à competir?

No Brasil é assim que a banda-toca. Quando a candidata está pronta é “descartada”, pois o ano já passou, uma vez que ela fora eleita 15 (quinze) dias antes de competir no miss Brasil, competiu... e agora?

Diante disso e infinitas outras razões, podemos afirmar categoricamente que não necessitamos de pesquisa científica, nem tampouco de renome para concluirmos que o cerne do problema a ser atacado é a questão tempo e preparação.

Agora, se ainda assim alguém quiser provas contundentes e científicas, esteja à vontade... mas a conclusão será a mesma.

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