Historicamente, grandes manifestações geraram grandes e importantíssimas mudanças. Mudanças essas carregadas de benefícios sociais. As vezes mais
latentes, em outras ocasiões mais tímidos; e não raras vezes regados à dor e
caos. Não é o caso do Brasil. Ainda há muitos desmandos, porém, a fase de repressão em nossas terras fora sepultada
há muito tempo e não há margem para aquela famigerada ação retornar à luz.
A ira social vigente ainda colide com muitas mentes céticas que, mesmo diante de tamanha mobilização, acreditam em “fogo-de-palha”, ou seja, trata-se de uma onda vertiginosa que logo, logo passará. Claro que passará. Toda onda vem e passa. Seria terrível uma vida em colisões permanentes.
A ira social vigente ainda colide com muitas mentes céticas que, mesmo diante de tamanha mobilização, acreditam em “fogo-de-palha”, ou seja, trata-se de uma onda vertiginosa que logo, logo passará. Claro que passará. Toda onda vem e passa. Seria terrível uma vida em colisões permanentes.
Mesmo aqueles que desaprovam a “revolta” que
assolou e assola o país, hão de convir
que alguns pontos cruciais já são passíveis de percepção a olho nu: primeiro, “nossos representantes” eleitos viram-se obrigados a deixar seus abastados casulos;
acostumados a julgar seu povo inanido, visto
apenas sob o aspecto de curral-eleitoral, apareceram perplexos diante de câmeras
de TV, ainda sem saberem o que falar. Logo
eles, tão acostumados a arrumar desculpas para tudo!
Chefes do Poder Executivo, das principais cidades do país apressaram-se em atender às demandas
urgentes da população, ainda a
contragosto; pasme-se, o Congresso
desengavetou projetos de lei, alguns adormecidos há mais de uma década – cite-se aquele que torna em crime hediondo
a prática de corrupção; foi aprovado sem nenhum esforço – uma navalhada na carne dos próprios
corruptos que, acuados, não puderam mais
protelar o improtelável. Nessa leva ganhamos alguns pontos percentuais a
mais nas verbas oriundas dos royalties
do pré-sal, para a educação e a saúde.
Para a educação na casa dos 75%.
O que dizer da PEC 37 – aquela famigerada emenda à Constituição Federal, arquitetada nos porões do submundo perverso de alguns políticos pervertidos, que visava podar de vez o poder de investigação do Ministério Público? Há quem sustenta que estava tudo arquitetado, nos mínimos detalhes, para ser aprovada, o que seria um golpe à democracia.
Depois da insurgência do povo, até então alienado, a tal emenda fora rejeitada quase que por unanimidade.
O que dizer da PEC 37 – aquela famigerada emenda à Constituição Federal, arquitetada nos porões do submundo perverso de alguns políticos pervertidos, que visava podar de vez o poder de investigação do Ministério Público? Há quem sustenta que estava tudo arquitetado, nos mínimos detalhes, para ser aprovada, o que seria um golpe à democracia.
Depois da insurgência do povo, até então alienado, a tal emenda fora rejeitada quase que por unanimidade.
E ainda há quem diga que trata-se de “fogo-de-palha"...
Outro poder a manifestar-se foi o Judiciário. Há dois anos os juízes do Supremo Tribunal Federal
julgaram e condenaram a mais de 13 anos de prisão, um deputado corrupto, quadrilheiro, altamente lesivo e pernicioso
ao patrimônio público, que mesmo
condenado, cumpria mandato eletivo. Condenaram, todavia, jamais fora expedido mandado de prisão.
Não até o povo gritar nas ruas que o desmando passara do limite.
Coincidentemente, pela primeira vez após
a redemocratização do Brasil, um deputado corrupto fora julgado, condenado e preso, fato que somente ocorreu em
28/06/2013 – ainda no auge dos protestos. Os
mensaleiros não perdem por esperar...
E ainda há quem diga que trata-se de “fogo-de-palha"...
E ainda há quem diga que trata-se de “fogo-de-palha"...
A chefe do Executivo Federal prontificou-se,
não de imediato, a propor maneiras de se
buscar atender às demandas das ruas. Nem tanto por de fato querer, mas por sentir o chão estremecer sob os pés
a pouco mais de um ano das eleições. Algumas propostas coerentes, outras
estapafúrdias, como aquela que pretendia
uma constituinte específica para tratar da reforma política. Atitudes populistas, altamente perniciosas à sociedade livre e à liberdade social.
Nesse aspecto, é perceptível também o sentimento órfão que assola a todos. Há muito tempo uma reforma política é necessária, bem como a tributária e a previdenciária. Os partidos políticos perderam de vez qualquer resquício de respeito e representatividade. Não se acredita em partidos, não se confia em políticos. Durante o auge dos protestos, alguns movimentos oportunistas foram constatados, mas rechaçados sumariamente pelas pessoas de bem, cansadas de assistir ao eterno ato de faz-de-conta.
Outro ponto
importante questionado, agora no campo financeiro, seria o “rombo” orçamentário para custear todos os subsídios para
atender o mínimo necessário. De onde tirar dinheiro? A resposta surge em uma
simplicidade que impressiona: do mesmo
lugar que fora tirado para custear os gastos bilionários com os estádios da
Copa. Santa FIFA! Conseguiu fazer
brotar recursos do orçamento de uma nação cujos governantes nunca tem o mínimo
para as necessidades básicas da população. Quanta contradição... Santa FIFA!
Muitos dizem: para a Copa do Mundo (e atender aos padrões FIFA de exigência), tratou-se de um orçamento específico ou extraordinário. Aí, cá do nosso leigo e modesto aconchego havemos de indagar por que não alavancar tais despesas para equipar hospitais, investir em educação básica e secundária? Por que não podemos ter um orçamento diferenciado nos padrões FIFA, para a segurança Pública, a mobilidade urbana, a revitalização dos portos, a conclusão das ferrovias que há décadas engatinham?
Se é verdade que a Copa do Mundo precisa de
excelentes estádios, não é menos verdade
que os brasileiros necessitam de segurança, tratamento de saúde decente, educação,
saneamento e respeito. E dinheiro para isso, temos, pois arcamos com uma
das maiores cargas de impostos, tributos, taxas e contribuições existentes no
mundo; se considerarmos o retorno –
é a maior.
Independente da ideia do suposto fogo-em-palha-seca que ainda incendeia a mente incrédula de muitos, a realidade nos faz crer que as mudanças podem ser sólidas e consistentes. Ainda temos que percorrer longos caminhos. Perseverar, vigiar com responsabilidade. Provar a cada dia que estamos despertos e dispostos a exigir o que nos é devido por direito.
Nesse aspecto, é perceptível também o sentimento órfão que assola a todos. Há muito tempo uma reforma política é necessária, bem como a tributária e a previdenciária. Os partidos políticos perderam de vez qualquer resquício de respeito e representatividade. Não se acredita em partidos, não se confia em políticos. Durante o auge dos protestos, alguns movimentos oportunistas foram constatados, mas rechaçados sumariamente pelas pessoas de bem, cansadas de assistir ao eterno ato de faz-de-conta.
Alguns Congressistas brasileiros... |
Muitos dizem: para a Copa do Mundo (e atender aos padrões FIFA de exigência), tratou-se de um orçamento específico ou extraordinário. Aí, cá do nosso leigo e modesto aconchego havemos de indagar por que não alavancar tais despesas para equipar hospitais, investir em educação básica e secundária? Por que não podemos ter um orçamento diferenciado nos padrões FIFA, para a segurança Pública, a mobilidade urbana, a revitalização dos portos, a conclusão das ferrovias que há décadas engatinham?
Ainda somos canarinhos presos... |
Independente da ideia do suposto fogo-em-palha-seca que ainda incendeia a mente incrédula de muitos, a realidade nos faz crer que as mudanças podem ser sólidas e consistentes. Ainda temos que percorrer longos caminhos. Perseverar, vigiar com responsabilidade. Provar a cada dia que estamos despertos e dispostos a exigir o que nos é devido por direito.
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