Hoje
sentei-me na cadeira-preguiçosa e comecei uma breve retrospectiva. As coisas
passam tão apressadas por nós como passa a vida e nessa passagem vemos de tudo
um pouco. Vivemos amores, desamores, paixões ferventes e carinhos ternos; iras,
ódios, explosões de alegrias, tristezas necessárias, tristezas amargas e
esperanças. Sim, esperança e otimismo podem ser as palavras de ordem.
Hoje...
sento-me e toco meus cabelos grisalhos que um dia foram viçosos e negros. Ainda
assim, hoje, sentado e pensativo, talvez cansado pela longa e gratificante
jornada, sinto-me feliz. Vejo que o mundo e suas coisas continuam a passar,
talvez com menos pressa que dantes, mas continuam. É bem verdade que passam
arranjos de todos os naipes, mas, ainda imbuído em minha lucidez, atenho-me
apenas ao belo.
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Maracanãzinho em festa, para eleger uma miss Brasil na década de 60. |
Faz
tempo que não se ver aqueles luxuosos e galantes eventos por terras
continentais sul-americanas. Talvez até existam e seja eu que tornei-me
retrógrado e não acompanhei o tempo em sua corrida desvairada.
Creio
que hoje, meus caros, se dê mais valor às bizarrices dos jogos apelativos. Nos
meus áureos anos, a boemia era mais refinada e mesmo sem mídia corrente,
lotávamos grandes eventos. Nem sei o por quê disso ou talvez tenha uma noção –
eles eram mais sadios.
O tempo
não pode e nem deve parar. Seria muito egoísmo e infantilidade querer tal coisa,
logo eu que há muito deixei a infância! Mas nem isso é capaz de convencer-me
que a evolução deva ocorrer, mesmo deixando pontos importantes esquecidos... é
isso o que de fato acontece.
Lutador possivelmente derrotado no ringue dos milhões$ |
Após o torpor entendi o quão grande é o poder da
mídia. Compreendi também que muitos “comuns” que ali estavam se vangloriavam
por afirmar que agora eram a elite ou pelo menos encontravam-se juntos a ela; junto
às pessoas de posses, pois aquele era O Programa (com “p” maiúsculo), o tsunami
da vez, como foi um dia o Miss Brasil (no que se refere a quantidade do público
admirador, não a qualidade).
Uma pena! Eles esqueceram que muitos artistas populares ali estavam, representando um contrato assinado com seus patrões; ali estavam, não por vontade própria, não por gostar de aberrações semelhantes, mas para representar mais um papel; sorrir, acenar, dar declarações à imprensa aberta de que era “bacana” gostar de ver homens trucidando-se uns aos outros por dinheiro. Isso certamente chama atenção e atrai o público comum. – Se o artista-popular vai, oba! Eu vou também.
Uma pena! Eles esqueceram que muitos artistas populares ali estavam, representando um contrato assinado com seus patrões; ali estavam, não por vontade própria, não por gostar de aberrações semelhantes, mas para representar mais um papel; sorrir, acenar, dar declarações à imprensa aberta de que era “bacana” gostar de ver homens trucidando-se uns aos outros por dinheiro. Isso certamente chama atenção e atrai o público comum. – Se o artista-popular vai, oba! Eu vou também.
Fiquei a indagar até aonde somos capazes de ir por
um ideal, seja ele bom ou ruim. Alguém já disse por aí que o “homem é produto
do meio”. Hoje essa máxima é levada tão ao pé da letra que desmenti-la seria
negar a realidade dos fatos.
Vejo também que isso é apenas uma pequena farpa do
que é o todo.
Cá, da minha cadeira-preguiçosa que cambaleia para
frente e para trás, percebo que os “glamures” dos nossos eventos passados não
estão extintos. Pelo contrário, o poder da fênix compõe cada um deles; o que
falta é decifrar a fórmula do ressurgimento pela prática. Creio que no dia em
que os artistas populares da casa, que em tese, detém o controle do
evento-missológico-mor fizerem parte da plateia como espectadores assíduos
(mesmo que por força de contrato de trabalho) – como ocorre com as lutas – as
nossas belíssimas moças voltarão a brilhar em ambientes bem maiores do que o
tão, tão distante Maracanãzinho. Aí, falar de miss no barzinho ou no trabalho
(ou mesmo em casa) não será mais coisa de velho ou de “viado”.
Caso indagues quem sou eu... adianto-vos que talvez
seja eu o resquício de um desejo velho, talvez já esquecido e que habita um
canto qualquer da mente de cada um. É, talvez eu seja isso!...
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