Quando olhamos o cenário real e cotidiano do mundo-miss
tupiniquim é impossível disfarçar o gosto amargo que dele advém. Esse retrato é
estampado numa realidade abstrata semelhante a um sonho (ou pesadelo)
recorrente, isto é, que se repete a cada cochilo. E desemboca no único ambiente
possível àqueles que não primam pelo empenho e dedicação: o fracasso.
Nos últimos anos observados constatamos que os
mesmos erros são repetidos à exaustão. E quando falamos do mundo-miss
tupiniquim nos referimos a todos os segmentos de concursos de beleza realizados
no país e em especial aos dois principais, logo, mais relevantes: o Miss
(Universo) Brasil – MUB, e o Miss (Mundo) Brasil – MMB.
Cada um deles envolto em seus casulos de mediocridade a levitar,
como em animação suspensa, sustentados por uma presunção desmedida que
inevitavelmente os corroem a cada ano. A forma de pensar de seus mentores é
extremamente elitizada, ou segregada; os conselheiros do absurdo são os mesmos
desde que nasceram os concursos dessa nova era, significa dizer que eles
nunca admitem renovação de seus quadros; aquelas figuras carimbadas são vistas
atuando ano após ano sem nenhum mérito que justifique tal atuação - por isso os erros sucessivos; desse grupo
de elite, não raras vezes, estão presentes os aprendizes de anos anteriores, o
que é até natural, uma vez que foram moldados para dar segmento à lógica medíocre
de eleição e despreparo que culminará num único e conhecido alvo: a derrota.
Concurso de beleza não é questão de sorte ou brilho
de momento como muitos tantos míopes tentam difundir e enganar os outros e a
si mesmos. Esses eventos são carregados de alto teor competitivo, político-negocial
e de lucratividade. E é assim que devem ser. Mas, quando falamos em lucro, não devemos confundir com a
infame prática de compra e venda de títulos e sim, em angariar adeptos
(público), empresários e toda sorte de gente que possa contribuir para se
chegar a um evento sadio e que inspire respeito e confiança.
Quem investe em um evento, não procura levar o
título para casa; quem investe o faz porque percebe um evento sério e capaz de
difundir a sua marca e atrair mais clientes; e isso somente será possível no dia
em que os concursos de beleza brasileiros se voltarem para um horizonte mais
iluminado, portanto, menos nebuloso e individualista.
Nesse ponto fica muito claro que os certames, por
essas terras, servem, unicamente, para realizar os sonhos individuais de alguns
poucos e poucas, que dentro daqueles casulos estão. Em inúmeras edições não é
possível perceber sequer competição, o quão direcionado é o desfecho do
evento. Isso destrói qualquer pilar que porventura seja ensaiada uma
construção; isso desfaz sonhos e empobrece, a cada instante, um evento que
deveria ser abastado em virtudes, beleza e sucesso.
Miss Brasileira após MU e MW! |
O ciclo 2016 ainda não começou embora já estejamos
no mês dois, do calendário. O ciclo miss’ológico anual deve começar em meados
do ano, como de praxe e, novamente, teremos eleições estaduais às pressas;
eleição nacional intempestiva e misses-candidatas eleitas imaturas e sem tempo
para aperfeiçoamento mínimo, destinadas a fazer figuração no Miss Mundo e Miss
Universo.
No período do ano que avança, se tivéssemos organismos
sérios, nossas representantes nos dois certames internacional de ponta, já
deveriam estar eleitas e trabalhando como verdadeiras misses devem trabalhar; e
seus mentores já distribuindo competência para os estados escolherem as
representantes para 2017, cuja eleição, necessariamente, deveria ser um ano
antes, portanto, em 2016.
Lembramos que um calendário assim está apenas no
imaginário daqueles que almejam eventos sadios, mas esses visionários
sonhadores estão fora do casulo da prepotência e fora dele permanecerão.
Enquanto público já estamos aptos a assistir os
mesmos descalabros dos anos passados, a repetirem-se com a recorrência que nos
referimos anteriormente; enquanto público já nos preparamos para engolir a seco
esse coquetel indigesto que nossas organizações nos brindam a cada edição. E, em
sendo assim, com a certeza de que nada será feito para minimizar o dramático
cenário, enquanto público, assistiremos impassivos mais uma onda de derrotas a
nos varrer dos palcos mundo afora.
Não culpemos o pessimismo, nem as candidatas (que
também têm suas parcelas de culpa) culpemos os mentores e mandatários que se
deixam conduzir pelo fascínio à cegueira do orgulho e individualismo.
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