No Brasil há consciência generalizada de
que concursos de beleza é
fato consumado; é matéria do século passado, portanto, esquecido. No Brasil, a
ideia que se faz dos certames de beleza e, consequentemente, de uma miss é um tanto depreciativa,
preconceituosa ou mesmo irrelevante. No Brasil,
nesse último quinquênio, dado os acertos miraculosos, essa noção de
futilidade, felizmente, tem sofrido retração.
Seguindo os anais da história dos
concursos tupiniquins é
bem perceptivo o grau de importância que os certames dessa natureza tinham no
imaginário das pessoas. O alcance jamais
fora unânime como ainda é o futebol, mas gazava de um posto privilegiado na
atenção do público. Passaram-se os anos, décadas e o brasileiro perdeu o interesse pelas belas jovens e suas curvas a
desfilar para plateias cativas. Não por outro motivo, que não o abandono dos
antigos meios midiáticos e posterior
aquisição dos direitos dos concursos por organismos que jamais primaram pelo
sucesso do evento. É uma percepção fática, basta buscar o naipe de algumas “soberanas”
eleitas.
Pergunte ao brasileiro: Nome de uma miss? Martha Rocha; Mais uma? Vera Fischer. Outra: tem outra?
O Miss Brasil passou então a viver do passado, rememorado na
mente daqueles que tiveram a chance de apreciá-lo nos chamados “anos de ouro”.
Idos das décadas de 1950, 60 e até 70. A
partir de então, começava a caminhada cambaleante, que viria resultar nos
muitos escândalos e mancadas presenciados em tempos modernos. No entanto,
ainda arrancando suspiros e força da nostalgia de um passado glório.
As misses brasileiras, acreditem, são mais
conhecidas em outros países do que no Brasil (ao menos pelo público dos concursos, significativamente maior que o nosso). Por aqui, com exceção da minúscula parte que acompanha os certames,
100% (cem por cento) desse restante não conhece a atual miss Brasil; nem a do ano passado; nem a imediatamente
anterior, e assim até o infinito. A não ser Martha Rocha e Vera Fischer.
Nem as duas brasileiras eleitas miss Universe (63 e 68) são poupadas nessa estatística.
Agora, recentemente, descobriu-se que uma
grande empresa, a
Polishop, viu na parceria com o certame um caminho para adentrar a concorrência
no mercado de cosméticos. Uma parceria
acertada, imaginamos de cá, pois, mesmo quem navegava pelas marés turvas do
mundo-paralelo1 nunca
ouvira falar antes da tal Be Emotion,
a marca de cosméticos da Polishop, que ora busca seu lugar ao sol, nesse
lucrativo mercado. Já agora...
A onda de otimismo provocada pela nova
parceria – Band/Polishop –
refletiu, inclusive, na escolha da candidata, embaixadora da marca por um ano.
O rompimento do padrão mantido por décadas à fio pôde ser constatado, também, pelos pequenos reparos no formato
do evento; pelo time de classificadas e o perfil alçado ao Top5. Dentre as 5
(cinco) mais cotadas, das 10 (dez) que escolhidas semifinalistas, 3 (três) eram
louras. Louras de verdade, algo
inimaginável nas gestões anteriores que primavam por um padrão pessoalizado,
descartando verdadeiras potências da beleza pátria. E, pasmem, todas com medidas relativamente ideais.
A eleição da gaúcha, Marthina Brandt em
2015 veio oxigenar o
ambiente. Não apenas por não ser morena-branca de cabelos negros (à lá Iracema), e quadril exagerado,
mas por permitir ao certame, o envio de candidata que fuja do estereótipo pessoalizado (de
novo) e errôneo. Não devemos
nos ater apenas a essa circunstância, pois uma miss Brasil deve ser
considerada bem mais do que uma mera candidata à miss Universo. Mas, o fato de se eleger uma mulher fisicamente adequada
àquilo que se espera de uma competidora é algo a ser comemorado.
Independente da cor da pele, dos olhos ou
dos cabelos observamos
que as brasileiras ainda gozam de certo prestígio nos respectivos certames (com
raras exceções). Aquelas cuja incapacidade pulularam sem
apoio ou condições físicas para ir adiante, em maioria das vezes
fracassaram por omissão da organização, não delas propriamente.
M. Brandt - a face moderna do Brasil no MU2015 |
Agora, às portas de uma nova e acirrada
competição no Miss Universo, mais uma brasileira tentará quebrar o jejum de quase 50 anos; é esse o
intervalo do Brasil desde o último título universal (1968).
Evidente
está, que o glorioso passado do Miss
Brasil jamais será esquecido. Idem os erros de um período nem tão distante,
mas, a fissura no certame 2015 provocou
uma golfada quente de esperança que somente 2016 nos dirá se é real e
trará efeitos positivos ou apenas mais um
enredo dramático e mal ensaiado por atores medíocres.
1. mundo dos concursos de beleza
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